Fugas - dicas dos leitores

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Vietname: fascínio entre campos de arroz

Por Patrícia Caeiros

Mu Cang Chai: uma aldeia vietnamita no meio do nada que nos chega ao conhecimento através de um mapa que tem escrito “a must see”.

De Sapa, parte um autocarro por dia, daqueles que amontoam caixotes na parte de trás numa altura que tenta assemelhar-se às montanhas. Há também quem amarre cabras no cimo da carripana. Sim, cabras.

Pelo caminho, a vista é tão magnífica que despreocupa a ausência de rails que nos pudessem proteger das curvas que pouco distam do abismo e eu penso que gostaria de guardar até à velhice as cores das montanhas que se multiplicam neste cenário.

Entramos numa aldeia de uma estrada única e dizem-nos: Mu Cang Chai. Percorremos a povoação na procura de um lugar onde dormir e descobrimos uma guesthouse onde há uma senhora velha sentada no meio do hall de olhos postos numa televisão. Quando nos vê, arrasta-se nas rodas do assento até chegar ao balcão da recepção. Liga para quem deve ser o neto, mas mesmo com ele a conversa precisa de um tradutor no telemóvel para que a língua seja uma só.

Mostram-nos os quartos. Aceitamos. De volta à rua, cruzamo-nos com um casal de holandeses, os únicos estrangeiros à vista, e dizem-nos que, onde estão sentados, fazem umas sandes magníficas. Aproveitamos a dica e juntamo-nos. O mesmo espaço dá lugar a um barbeiro que apara o cabelo a um menino e eu aprecio-lhe a expressão a olhar-se ao espelho, enquanto oiço o casal que procura o mesmo que nós: o verdadeiro Vietname e a autenticidade longe do turismo banal.

Sugerem-nos o que explorar e, no dia seguinte, depois de muitos malabarismos com as mãos, regateamos o preço de motas com os locais e seguimos viagem na direcção que o casal nos aconselhou: La Pan Tan. A estrada é feita de um verde deslumbrante e de campos de arroz em colinas que fixam exclamações à voz que não se cansa da paisagem. Paramos muitas vezes pelo caminho com paisagens que se abrem na berma dignas de disparos fotográficos. Não sabia que havia lugares assim. As setas a indicar a direcção perdem-se a meio, mas os vietnamitas dizem-nos que por ali é que vamos bem. Sem GPS, subimos estradas onde pelos vistos cabem motas em ambos os sentidos, e continuamos até à aldeia. Estacionamos. Procuramos o miradouro aconselhado pelos holandeses. Sento-me atenta ao tempo a acontecer. Entretanto, temos que regressar: no final do dia continuamos viagem até Ninh Binh e temos que apanhar o único autocarro que sai deste lugar. Um lugar que, sem querer, encantou e fascinou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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