Fugas - dicas dos leitores

Indonésia: do nascer do sol à subida ao vulcão do monte Bromo

Por Raquel Cruz

A aventura começa à chegada a Surabaya, num ambiente de confusão, muita gente e muitas pessoas sisudas. Tendo em conta que já tinha passado em lugares com pessoas tão simpáticas, aquele lugar pareceu-me frio e distante.

O motorista que nos transportaria segurava uma placa com o meu nome. Pela primeira vez em toda a minha história de viagens aéreas verificaram se as malas que levávamos eram realmente as nossas, foi um ponto positivo logo à chegada.
O destino era o Hotel do Monte Bromo, onde íamos semipernoitar para ir ver o nascer do sol no monte Bromo. Apanhámos uma fila de trânsito interminável à saída de Surabaya, até que o motorista, mais do que habituado àquele cenário para nós tão irreal, meteu-se por um atalho, o que à boa maneira indonésia incluía pagar uma espécie de portagem a umas pessoas para permitir a passagem, uma espécie de portagem clandestina. Apanhámos a mesma fila mas mais à frente, sendo ultrapassados por motas de todos os lados. Só depois de cinco horas chegámos ao nosso destino e foi aí que tivemos a noção que o trânsito em Java é mesmo surreal.
Nessa noite era imperativo deitar cedo, a aventura do dia seguinte começaria literalmente de madrugada. Acordar antes do nascer do sol é coisa que não acontece frequentemente, o entusiasmo era tanto que as quase cinco horas a dormir pareceram 10. 
Saímos do hotel (denote-se o eufemismo) num jipe, acompanhados de guia e motorista. Às quatro da manhã fazia um frio de arrepiar, foi preciso ir ao fundo da mala buscar roupa que não vestíamos há muito tempo: calças, sapatilhas, camisola polar e casaco quente. O guia disse que estariam uns 5 graus, a julgar pelo frio que me trespassava os ossos eu diria que ele estava a ser optimista.
Era ainda noite cerrada quando o jipe nos deixou no cimo do monte, mas ainda tínhamos de subir a pé para chegar ao melhor sítio para ver o nascer do sol. Pelo caminho, os locais oferecem boleia nos cavalos a troco de rupias. Fizemo-nos fortes e seguimos a pé.
Chegados ao local, ficámos a aguardar pelo nascer do sol num local escuro sem perceber bem onde estávamos. O sol nasceu finalmente, acarinhado pela ventania que se fazia sentir e, apesar de não ter sido um nascer do sol esplêndido por causa da quantidade de nuvens no céu, houve direito àquela sensação de renovação que é o começo de um novo dia. No monte várias senhoras vendem chá quente e comida para aquecer os turistas. 
Voltámos a descer para o jipe, agora já em pleno dia a apreciar a belíssima paisagem, para seguirmos para a subida do vulcão. O vulcão sobressai no meio de um vale onde ainda estão bem presentes as marcas das últimas erupções.
O vento trazia com ele a cinza vulcânica e, além do lenço à volta da cabeça e da cara, vi-me obrigada a colocar uma máscara para subir. Sempre a subir a pique, quando chegámos, no meio de uma tempestade de cinza vulcânica, pudemos ver a caldeira do vulcão com muito fumo e um intenso cheiro a enxofre. O local era estreito e sem protecções, perigoso e imponente ao mesmo tempo. Ali em cima, a ser soprada pelo vento forte, com cinza vulcânica a vir de todas as direcções, à beira de um precipício vulcânico sem protecções, com um cheiro nauseabundo, pensei que talvez aquele fosse realmente o sítio mais perigoso onde estive.
Raquel Cruz

--%>