Na obra "Os Mais Belos Palácios de Portugal", Júlio Gil descreve o Solar dos Albuquerques, actual Casa da Ínsua, como "uma das mais belas e importantes residências portuguesas edificadas nesses tempos - século XVIII". Cruzamonos com esta descrição dias antes da programada visita à Ínsua e fazemos o caminho com isso na cabeça.
Estávamos preparados para aquilo: o alto portão de ferro na entrada majestosa e a casa senhorial à vista, os jardins - o francês e o inglês - impecavelmente tratados, o cenário cinematográfico, literalmente (em 2006, o filme Viúva Rica Solteira Não Fica, de José Fonseca e Costa, foi rodado na Ínsua). O que não lemos nas entrelinhas foi o peso histórico ali entranhado e por isso não estávamos preparados para aquilo: uma aula de História improvisada entre uma visita guiada aos (muitos) espaços da Casa da ínsua, em Penalva do Castelo.
Luís de Albuquerque é o nome de que se fala. Foi ele o responsável pela construção da casa, em pleno século XVIII, no período em que foi governador de Cuibá e Mato Grosso, no Brasil, após nomeação do Marquês de Pombal. A Casa da Ínsua é uma espécie de hotel-museu. Uma escadaria de entrada com ambiência indígena (peças de caça e pesca, que Luís de Albuquerque trouxe do Brasil), uma sala de recepção a responder à designação de casa senhorial, uma sala chinesa (com paredes de papel de arroz pintado à mão), a sala dos retratos (auge do registo museológico da casa, com um tecto em tela pacientemente reconstruído), os painéis cerâmicos da esplanada (um dos elementos mais antigos). Tudo devidamente contextualizado com o período em que a casa começou a ganhar forma e acompanhado do relato histórico e de imagens mais ou menos óbvias: "Gosto de imaginar as senhoras com os vestidos compridos a passear e os cavalheiros de bigodes farfalhudos", brinca a subdirectora do hotel, Andreia Rodrigues. O que se pretende é "transmitir ao hóspede o que era viver num palácio no século XVIII", diz José Arimateia, presidente da Visabeira Turismo, que explora a Casa da Ínsua. E o resultado é uma "profunda amálgama e conjugação de vários estilos e várias épocas", vai explicando Andreia Rodrigues.
É um hotel em forma de museu que pode ser vivido - com excepção da sala de retratos, todos os espaços podem ser frequentados pelos hóspedes. A casa reabriu há dois anos, depois de uma profunda remodelação, mas com o cunho do século XVIII sempre presente.
São 31 quartos e cinco apartamentos (dois T2 e três T1, na Casa da Quinta), que se dividem pelos diferentes espaços da casa - o palácio, o claustro e a ala do arco. São vários espaços - pátios, salas de reuniões e eventos. São dois jardins - a sofi sticação do francês e a beleza natural do inglês.
A dada altura, parece óbvia a falta de uma piscina, apesar das muitas actividades alternativas que a Casa sugere, mas esse é problema que em pleno Agosto deve estar já resolvido (estava em construção quando a Fugas esteve alojada em Penalva do Castelo).
A lição de História é um extra bem-vindo numa passagem por um hotel, mas, sejamos sinceros, nada seria perfeito se não fosse aquela entrada no quarto. É possível que tenhamos sido privilegiados (à entrada a informação de que algumas luas-de-mel já se fizeram ali), mas é por este que vamos julgar.
Cartão na porta e corredor à frente: à esquerda uma sala de estar, à direita o quarto, à frente a varanda, vistas para o jardim francês.
Não fosse o "museu" que temos fora de portas e não sairíamos mais. Isto apesar da imagem que nos meteram na cabeça - as senhoras de vestidos compridos a passearem na casa - nos fascinar particularmente.
Como ir
Quem vem do Porto, depois de apanhar a A1 deve seguir pela A25 e sair para Mangualde/ Penalva (saída 22). Seguir no sentido Penalva do Castelo e procurar as (visíveis) placas que o levam até à Casa da Ínsua. De Lisboa, apanhe a A1 e siga pela A25 para Aveiro/ Viseu (saída 16). Na saída 22 seguir para Mangualde/ Penalva do Castelo/ Gouveia. Seguir no sentido Penalva do Castelo e procurar as placas do hotel.
Onde comer
Queríamos ser mais criativos, mas uma vez dentro da Ínsua é na Ínsua que se fica. O restaurante explora os sabores característicos da região, mas não deixa de fora a cozinha nacional e internacional. A lista tem iguarias como arroz de bacalhau, duo de polvo com migas de grelos e xíxaros e arroz de cabrito com castanhas. E as sobremesas não ficam atrás: experimente o semi-frio com molho de frutos silvestres ou a tarte de maçã com gelado de canela e acompanhe a refeição com vinho da própria quinta - recomendamos o branco de 2009. Os preços rondam os 25 euros por pessoa.
A não perder
Se a vida de quinta o fascina verdadeiramente, a Casa da Ínsua é um bom lugar para estar. Acompanhar as vindimas nos lagares de pedra, fazer queijo, preparar compotas, acompanhar um dia na vida do pastor da quinta... Há programas pensados para tudo isso. Se o programa for familiar, é de ponderar uma ida ao Palácio do Gelo, que fica em Viseu, a apenas a 20 minutos do hotel.
Hotel Casa da Ínsua. Penalva do Castelo. Tel.: 232420000 | Site | Coordenadas GPS Lat. 40º 40'34'' N Long. 7º 42´25'' W
A Fugas esteve alojada a convite da Casa da Ínsua