Há muito tempo que Marina Kartashova, decoradora russa, alimentava um sonho antigo: “Construir um hotel de cinco estrelas num espaço rural”. Durante um ano, calcorreou a Europa à procura do local perfeito para materializar o sonho num projecto de vida, e por pouco não o fazia na Alemanha. O negócio acabou por não se concretizar e Marina retomou o périplo europeu até encontrar uma mansão senhorial do século XIX, em avançado estado de degradação, numa pequena aldeia em Oliveira do Hospital, Portugal.
Corria o ano de 2010. Passaram-se seis anos, entre burocracias, candidaturas a financiamentos europeus e obras, muitas obras, para reerguer as ruínas e transformar o palacete construído em 1898 num hotel de cinco estrelas, com 12 quartos, restaurante, spa e área de eventos. No início de Setembro deste ano, o Stroganov Hotel abria finalmente em regime de soft opening.
Foi durante este longo processo que a proprietária descobriu a história de amor entre a portuguesa Juliana de Almeida D´Oeynhausen e o conde russo Grigory Stroganov, figuras proeminentes das cortes do século XIX. Filha da marquesa de Alorna, Juliana casou muito jovem com o conde d’Ega, já viúvo e com cinco filhos, que entretanto se tornaria embaixador de Portugal em Espanha. É precisamente em Madrid que a portuguesa conhece Grigory Stroganov, embaixador russo, por quem se apaixona.
As invasões napoleónicas – e o apoio de Ega ao exército francês – ditam a separação dos dois amantes e o regresso de Juliana a Portugal (onde, entretanto, tem um caso com Jean-Andoche Junot, o general francês que comandou a invasão de Portugal). Mas o amor entre o russo e a portuguesa não desaparece. Quando se reencontram em Itália, retomam a relação e Juliana decide abandonar o marido e seguir Stroganov até à Suécia e depois para São Petersburgo. Quando ambos enviúvam decidem finalmente casar-se e, dizem, foram felizes para sempre.
Foi esta a história de amor que acabou por inspirar o nome da nova unidade hoteleira e grande parte da decoração, clássica, rica em brocados, veludos, candelabros, reposteiros e mobiliário maciço. Todas as áreas do hotel foram decoradas ao gosto da proprietária, sendo que “cada divisão é única e leva-nos numa viagem pela história de amor dos protagonistas”, descrevem em comunicado.
No total, há nove quartos e três suítes. Cada um tem um nome diferente e um tema associado a ditar a decoração. O quarto Porta-Jóias, por exemplo, é todo em tons pastel e recorda o facto de Juliana ter sido considerada “uma das mulheres mais elegantes da sua época”. Já o quarto Chocolate celebra um dos seus doces preferidos, enquanto a suíte Azulejos faz uma homenagem a Portugal e a suíte Oriental retrata o tempo em que Stroganov foi diplomata na Turquia, com tecidos translúcidos a velar a cama de dossel.
Além dos quartos, o hotel integra ainda o restaurante Chaminé Russa, com capacidade para 25 pessoas e um menu resultante da “fusão de receitas do século XIX da cozinha russa com os sabores mais tradicionais da cozinha mediterrânea e portuguesa, sempre com uma apresentação moderna e criativa”. Os pequenos-almoços são servidos na Sala Portuguesa (que também pode ser reservada em exclusivo para grupos até 25 pessoas). Entre as áreas de estar comuns, contam-se ainda a sala de jogos e a sala chinesa. Já no terraço, com vistas panorâmicas sobre a aldeia de Fiais da Beira, podem beber-se “cocktails e chás do mundo”.