Fugas - Motores

  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio

Mais crescido, mas sempre jovem

Por João Palma

Por fora, lembra mais o Mini Countryman que o Fiat 500 de que recebe o nome. Mas isso não é um defeito, pelo contrário - o Fiat 500L é um pequeno monovolume bonito, espaçoso e funcional. Só é pena ter um motor pouco potente.

As marcas de automóveis, por vezes, têm razões que escapam ao comum dos mortais: num carro que pesa 1055kg, caso do Fiat 500, o fabricante italiano equipou-o, na versão a gasóleo, com a variante de 95cv do motor 1.3 Multijet. Mas para o Fiat 500L a gasóleo, com 1315kg, optou pelo mesmo bloco mas só com 85cv de potência. E isso faz-se sentir no arranque, nas recuperações e ultrapassagens deste pequeno e funcional monovolume de 5 lugares, que pretende corporizar o conceito de um lar sobre rodas.

O Fiat 500L herda o nome e alguns traços do design da frente do Fiat 500, mas no geral é um veículo distinto. Até difere na plataforma, a nova da Fiat para o segmento B com modificações, sobre o qual foi construído.

Este monovolume do segmento B, o dos utilitários, não deixa de ser bonito e elegante na boa tradição italiana, mas o seu visual exterior parece-se mais com o do Mini Countryman do que com o do modelo de que recebe o nome. Aliás, os responsáveis da marca italiana não negam as semelhanças nem o objectivo de o 500L ser uma opção face ao Countryman. A favor, o Fiat 500L tem a funcionalidade, a habitabilidade e o preço; contra, as motorizações e a qualidade dos materiais e acabamentos, que, sendo razoável, não se pode comparar à de um Mini.

Este veículo tem como um dos alvos potenciais aqueles jovens clientes do 500 que foram constituindo família e sentem necessidade de um carro maior e mais funcional. O Fiat 500L, em que o “L” significa, segundo a marca, Large (Grande), Loft (apartamento de pé alto) e Light (leve, luminoso), pretende responder a esses requisitos. Tem uma boa posição de condução, com boa visibilidade, e pode transportar com conforto cinco pessoas (inclusive o passageiro no lugar do meio atrás). Há 22 compartimentos no habitáculo e 1500 possibilidades de configuração do espaço interno (inclusive a transformação do banco do pendura em mesa e a capacidade de transportar volumes com até 2,4 metros de comprimento). Os bancos traseiros deslizam longitudinalmente, pelo que a capacidade da mala pode variar entre 343 e 400 litros (1310 litros com os bancos traseiros rebatidos). Além disso, dispõe de um fundo amovível que pode ser colocado em três níveis, deixando um espaço por baixo.

A ideia de lar móvel é levada ao extremo com a opção de uma máquina de café expresso Lavazza com sistema de cápsulas, integrada no habitáculo. Outros dispositivos mais usuais são o sistema multimédia Uconnect de série, com ecrã táctil de 5’’, conexão Bluetooth e uma entrada USB.

O ponto mais fraco do veículo que conduzimos é o motor, cuja potência está subdimensionada para o peso do 500L. É pouco ruidoso, mas o arranque é algo penoso, as recuperações lentas e as ultrapassagens requerem espaço e trabalho de caixa. Com isto, os consumos ressentem-se — quer-nos parecer que, com mais potência, não seria necessário recorrer com tanta frequência a mudanças mais baixas com consequente aumento dos consumos.

Ainda assim, em cerca de 550km, obtivemos uma média real de 6,1 l/100km (tanto através do computador de bordo, como pelo método de enchimento do depósito de combustível), que não é exagerada para as dimensões e peso do 500L. Dada a sua configuração, este monovolume é um pouco susceptível a ventos laterais. Tem uma suspensão que absorve a maior parte das irregularidades do piso mas que não é demasiado mole, pelo que o veículo não adorna muito em curva. A posição alta de condução com excelente visibilidade e uma caixa manual de cinco velocidades precisa e fácil de manusear, bem como o bom isolamento dos ruídos exteriores fazem deste monovolume um veículo cómodo e agradável para condutor e passageiros.

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