A política de preços da BMW (mas não só — também de outras marcas) lembra a velha anedota de um oculista que, para ensinar a um novo empregado a técnica de vender óculos, dizia: “Se o cliente perguntar o preço de uns óculos, responde: ‘100 euros.’ Se ele não reagir, acrescenta: ‘Só a armação, as lentes custam mais 100 euros.’ E se ele ainda não se manifestar, completa: ‘Cada…’” É o caso deste ActiveHybrid 3: o preço-base é 61.600€, mas, com os extras, o carro que a Fugas conduziu custava 86.867€.
A lista de equipamento opcional tem 13 páginas (um menu muito completo para, segundo os responsáveis da marca, os clientes poderem construir um carro à sua medida) e o ActiveHybrid que conduzimos tinha muitos itens que são verdadeiras opções, como bancos e estofos em pele, inserções em madeira nobre, bancos eléctricos com memória, ou jantes especiais de 18’’. Cortando nas “gorduras”, o custo final poder-se-ia reduzir em cerca de 10.000€.
Mas há “extras” que não são extras e num veículo que custa mais de 60.000€ não se justifica ter que pagar à parte coisas como os sensores de luz, chuva e estacionamento, o programador/regulador de velocidade, as conexões Bluetooth e iPod/iPhone ou até, supremo ridículo, a possibilidade de desactivação do airbag do passageiro…
Se esta política de preços pode ser questionável, a qualidade do BMW ActiveHybrid 3, na tradição da marca alemã, não levanta dúvidas. Linhas exteriores elegantes; motorização e transmissão eficientes; no interior, materiais e acabamentos de primeira, que, em conjunto com um design refinado, uma instrumentação completa e um habitáculo espaçoso contribuem para o conforto dos cinco ocupantes. Com os seus 4,62m de comprimento e 1,81m de largura, o menor dos três híbridos da BMW não é um carro pequeno. Porém, mesmo em cidade, graças à sua manobrabilidade e ao equipamento auxiliar do estacionamento e de circulação a velocidades reduzidas em vias estreitas com visibilidade deficiente, é muito agradável de conduzir, para o que também contribui a eficiente e suave caixa automática de oito relações.
O sistema de propulsão é igual ao do ActiveHybrid 5: um motor a gasolina com 2979cc e 306cv (o mesmo do 335i) associado a um motor eléctrico de 55cv, com uma potência máxima conjunta de 340cv, que faz desta versão a mais potente de todos os série 3. Este modelo é um full-hybrid ou híbrido completo, com uma autonomia de 4km em modo 100% eléctrico com as baterias de iões de lítio em carga total. Estas são recarregadas pelo motor térmico e também pelo sistema de recuperação de energia das travagens e desacelerações.
Há três modos de condução: Sport, Confort e ECO PRO. Neste último, a resposta ao acelerador é mais suave e há um indicador de condução económica no velocímetro que apresenta o nível de consumo ou de recarga da bateria por recuperação de energia, bem como os quilómetros que se poupam. Mas mesmo no modo ECO PRO os 340cv de potência estão lá se forem necessários. Já no modo Sport, as costas colam-se de imediato aos encostos do banco e a fera mostra os dentes. Porém, o carro dispõe de diferencial autoblocante e é muito estável e confortável tanto em recta como em curva, sendo muito difícil forçar o controlo de estabilidade e de tracção a entrar em funcionamento — a fera está sempre sob controlo.