As carroçarias de três volumes não colhem as preferências dos portugueses, que gostam mais de carrinhas ou de hatchback, mas, em tempos de crise, este Citroën C-Elysée é uma opção a considerar: uma berlina espaçosa, económica e com preços acessíveis que começam nos 14.808€ da versão com motor a gasolina 1.2 VTi de 72cv e nível de equipamento Seduction. O modelo que a Fugas conduziu, com o motor 1.6 HDi de 92cv e nível de equipamento Exclusive, é o mais caro da gama, custando 19.308€.
O C-Elysée é o primeiro modelo global da Citroën e destinava-se inicialmente aos mercados emergentes, mas foi decidido comercializá-lo também na Europa. É um carro totalmente novo que utiliza a plataforma ampliada do C3 e é produzido em Vigo, tal como o seu irmão Peugeot 301, que não é vendido em Portugal. É uma proposta honesta, sem luxos, para famílias que pretendam um meio de transporte espaçoso, fiável, a um custo razoável.
Por fora, o C-Elysée, sem ser feio, tem linhas sóbrias e algo conservadoras – está muito longe do arrojo estético de um DS3 (mas também são modelos de concepção e filosofia totalmente opostas). Curiosamente, ao contrário de muitos outros carros, o espaço atrás está mais bem aproveitado que à frente, onde nomeadamente pode haver dificuldade em arranjar uma boa posição de condução. A qualidade dos materiais não será a melhor, por razões de redução de custos, mas houve um certo cuidado nos acabamentos: o ponto menos conseguido será a tampa da mala, sem forro e com aspecto frágil – ao fechar produz um ruído de lata a bater.
Em Portugal, o C-Elysée é disponibilizado com duas motorizações: um novo motor VTi 1.2 a gasolina com 72cv e o conhecido e fiável bloco 1.6 HDi a gasóleo do grupo PSA na variante de 92cv. Embora haja uma diferença de 3500€ no preço entre as versões a gasolina e a gasóleo (no nível Seduction), o maior investimento inicial é compensado pelo maior valor residual do veículo a gasóleo e pela superioridade das performances oferecidas pelo 1.6 HDi.
Associado a uma caixa manual de cinco velocidades, este motor a gasóleo revela-se adequado para deslocar o C-Elysée, proporcionando um comportamento agradável: mesmo em subida não se nota grande quebra de potência, não requerendo muito trabalho de caixa. As recuperações são boas para um carro destas características e responde com razoável prontidão ao pisar do acelerador, pelo que transmite uma sensação de segurança na condução.
Na boa tradição francesa, a suspensão é confortável sem ser demasiado mole, e o comportamento do veículo é muito estável e equilibrado (para o que também contribui uma distância de 2,65 metros entre eixos), pelo que só em situações extremas o veículo adorna em curva. No entanto, em especial em auto-estrada, seria bem-vinda uma sexta velocidade, mas aceita-se que, por razões económicas, a Citroën tenha optado por uma caixa de cinco relações para este modelo.
A marca anuncia um consumo médio de 4,1 l/100km para o C-Elysée com motor a gasóleo e na prática o desvio não foi excessivo em relação aos valores oficiais. Mesmo sem dispor de sistema Start & Stop, de paragem e arranque automáticos do motor, obtivemos uma média real de 5,1 l/100km num percurso misto que incluiu alguma condução urbana em pára-arranca.