Fugas - Motores

  • Bruno Simões Castanheira
  • Bruno Simões Castanheira
  • Bruno Simões Castanheira
  • Bruno Simões Castanheira

Um pequeno mas democrático camaleão

Por Carla B. Ribeiro

Muda de cor como qualquer outro. Mas muda sobretudo de feitio. O que, ao primeiro olhar, parece convencer os públicos feminino e masculino, além de conseguir aliciar desde jovens até seniores.

É pequenino, sobretudo para quem segue no seu interior, mas nem por isso não salta à vista, beneficiando de uma vivaça paleta de cores — à Fugas calhou um azul de tecto, jantes e apliques em branco — e de formas que, como é aliás intenção da marca, piscam o olho às condutoras, ao mesmo tempo que enchem o olho aos condutores. Mas não é apenas no género que se revela democrático. Nas idades, agrada a gentes dos oito aos 80.

Os redondos estão todos lá, mas a frente desenha-se de forma a imprimir alguma agressividade (que, no caso do 1.2, é só mesmo aparente — mas já lá iremos) e a traseira apresenta um corte dinâmico.

Também nos interiores, onde permanecem os plásticos duros, nota-se um esforço por criar uma envolvência confortável, com o uso de pele nos estofos ou nos apoios dos braços nas portas. Mas, para quem segue atrás, não há pele que valha. O espaço é mesmo mínimo. Por isso, embora seja um carro de quatro lugares — e a não ser que os ocupantes traseiros sejam bebés que ainda não precisam de espaço para pernas (o carro inclui pontos Isofix) —, o melhor é olhá-lo como um dois lugares e, dessa forma, beneficiar do espaço extra para a bagagem. É que, com os bancos traseiros funcionais, a mala acomoda, com sorte, um pequeno trolley e uma mochila. Além do mais, a ausência de portas traseiras não ajuda em nada o transporte de gente atrás. Mais ainda quando o sistema de recuo de bancos dianteiros não se mostra propriamente fácil.

Não se pode falar, porém, apenas em espaços pequenos: nas portas, há espaço para uma garrafa de litro e meio de água e mais alguma coisinha e o porta-luvas acomoda bem toda a documentação do veículo e ainda mais um livro ou um pequeno farnel.

“Mas é (leia-se com ênfase) muito giro.” É esse o argumento esgrimido por quem até mete conversa para saber mais sobre um carro que ainda não se encontrava em comercialização — chegou aos stands esta semana. E até é verdade. Já pelo tablier notam-se as dúvidas que terão assaltado a equipa de design da Opel, o que deu origem a uma consola que soma muitos pontos positivos (a moldura brilhante na cor da carroçaria ou o ecrã sensível ao toque que permite controlar os sistemas áudio ou de Bluetooth são exemplos bem conseguidos), mas a mostradores que, entre o cromado e o vermelho alaranjado, parecem destoar de todo o ambiente contemporâneo do habitáculo.

Depois há tectos com imagens panorâmicas e até um com estrelas, simuladas por pontinhos em LED, que nos calhou. Tem o seu brilho, confesse-se, mas para uma condução nocturna não passa de ruído e ainda bem que o botão de desligar as estrelas está mesmo ali. Neste aspecto, a Opel não desarma: consegue criar os espaços certos para as diferentes funcionalidades, sendo fácil ao condutor mexer-se entre botõezinhos.

Note-se ainda a preocupação da marca ao nível de segurança: o Adam não chega apenas com o básico para um veículo do seu segmento, como lhe acrescenta funcionalidades pouco comuns entre os seus pares. Casos do sistema de auxílio no arranque, de parqueamento automático (de 2.ª geração) ou do sistema de ultra-som para a detecção de objectos posicionados em ângulo morto — neste último caso, até demasiado sensível: não foram poucas as vezes em que ambos os espelhos indicavam presenças, quando à nossa volta apenas havia asfalto e árvores. Dentro dos opcionais, destaque ainda para a possibilidade de integrar um sistema de transporte de bicicletas (o FlexFix).

--%>