Fugas - Motores

Miguel Manso

Grande, espaçosa e com potência a condizer

Por Carla B. Ribeiro

Cento e vinte e oito cavalos de potência num bloco diesel de 1.6 para levar a bom porto cerca de 1500 quilos, cinco passageiros e bagagem a granel. Assim, de repente, pode até dar a sensação de que é muito peso junto para tal potência. Mas, ao contrário do mano de 1.4 com 90cv, esta versão da Sportswagon do cee'd poucas vezes se põe a molengar, mostrando eficácia no rolamento.

Principalmente em longas viagens. É que não se cansa. Nem deixa ninguém cansado. Os estofos, que, sublinhe-se, beneficiaram de uma agradável melhoria, continuam a não ser os mais confortáveis, mas a posição de condução foi aprimorada e a inclusão do reforço lombar ajustável, tanto para condutor como para quem segue ao lado, é de louvar.

Mas não é apenas quem segue à frente que se sente satisfeito. No banco traseiro, e embora dois viajem muito mais confortáveis, três cabem sem nenhuma ginástica especial. E se envolver cadeirinhas de crianças, embora no caso já se tenha de recorrer a elaborados exercícios para prender e encaixar assentos infantis, a verdade é que três crianças viajam sem que tenham de ir coladas — o que, quem tem miúdos pequenos bem o sabe, o torna um aliado à paz e (quase) sossego ao longo de quilómetros e quilómetros.

Passageiros bem instalados, chega altura de arrumar bagagem. E neste ponto o cee’d está mais do que apto para se bater por um lugar entre os melhores do seu segmento. Com capacidade para 528 litros, tal como a versão de menor cilindrada, é maior que a da Ford Focus ou da Grand Tour da Renault, mas ligeiramente menor que a do Skoda Octavia, embora em relação a esta equilibre valores com bancos rebatidos, atingindo os 1642 litros. Dispõe ainda de uma separação no chão do porta-bagagem que esconde amplas caixas de arrumação, o que permite arrumar pequenos objectos sem os ter a “passear” de um lado para o outro.

Depois, é seguir viagem: em cidade porta-se bem e de forma despachada, facto que é apoiado pela possibilidade de alterar o modo da direcção para Confortável, tornando-a levezinha e até um pouco bailarina como às vezes até dá jeito entre as filas de trânsito. O arranque é eficiente e o manuseamento da caixa é mais suave do que aparenta ser ao primeiro contacto, mas a sua força só se deixa sentir a partir das 1900 rpm, tornando-o menos atraente no andamento urbano e revelando por vezes dificuldade em algumas recuperações.

Tanto em estrada como em auto-estrada, com a ajuda da direcção em modo Desportiva, a conversa muda de figura. A precisão é um forte trunfo, sobretudo em curva e contracurva, e o torque de 260 Nm, disponível até às 2750rpm, é suficiente para se ter uma viagem sem percalços. Sobretudo à carteira (mesmo que não se tenha conseguido os 4,4 litros/100 km anunciados) desde que se mantenha o ponteiro dentro dos limites legais da velocidade (e aqui o cruise control pode dar uma ajudinha) consegue-se um consumo à volta dos 5,5 litros.

A condução é, por tudo isto, muito fácil. E para o condutor não é complicado fazer mais três ou quatro coisas ao mesmo tempo. Até porque a Kia conseguiu arrumar bem a consola – ao contrário, por exemplo, do que acontece com o volante que surge com uma miríade de botõezinhos para a esquerda e para a direita. Vira-se à direita e sintoniza-se rádio, sobe-se a colina e põe-se o telemóvel a carregar ou descarrega-se músicas via USB, pára-se num semáforo e emparelha-se o telefone.

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