Fugas - Motores

  • José Sarmento Matos
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Estilo DS, modo Verão, sistema poupado

Por Carla B. Ribeiro

Poderia ter sido um slogan escolhido pela Citroën para fazer valer o DS3 Cabrio. Mas o pequeno mimo da marca gaulesa, na versão diesel e-HDi de 90cv, é mais que isso. É também valente e económico. Só não se pode gabar de ser (verdadeiramente) descapotável.

Não há nenhum equívoco: o nome Cabrio não serve para enganar ninguém. De facto, tem capota que se pode puxar para trás. Mas, mesmo quando se opta por recolher o máximo daquela, a sensação não é exactamente a de “cabelos ao vento” como se espera de um descapotável. Ainda assim, este DS3 com opção “sem tecto” não deixa por créditos alheios a boa dose de divertimento que se propõe a oferecer.

Conduzi-lo na cidade é fácil de maneirinho que é (3948mm de comprimento por 1715mm de largura, as mesmas do hatchback) e, não fosse um sistema Start&Stop, de paragem e arranque automáticos do motor, tão sensível, poderia ser quase perfeito para quem quer dar nas vistas pelas artérias urbanas. Para mais, quando se trata da hora de abastecer, está longe de ser um excêntrico citadino. A marca avança com um consumo de 4,3 l/100km e, mesmo andando mais perto dos seis, não se pode falar num carro gastador quando se é forçado a andar no “pára-arranca”.

A cereja é, porém, a sua capota que, tendo várias posições, só andará fechada se pingar. É que é tão fácil (e rápida: 16 segundos) de abrir e fechar que, mesmo em trajectos mínimos, se torna irresistível fazer o gosto ao dedo. Além do mais, a capota, que resultou num aumento do peso do carro em apenas 25kg, pode ser accionada em movimento, até aos 120km/h (!). Na coluna dos contras, o facto de a capota recolhida reduzir a visibilidade traseira a zero.

Já em auto-estrada, faz-se valer dos seus 90cv bem como do conforto do equipamento para proporcionar viagens despachadas, confortáveis… e barulhentas. Fechada, a capota, em tecido e pouco estanque, trata de marcar a banda sonora, trazendo ao de cima o ponto mais negativo desta versão veraneante do DS3. Mas não é apenas a parca insonorização que nos leva a querer afastar o DS3 Cabrio de viagens mais longas. É que, se for esse o caso, será obrigatório poupar na bagagem. Não tanto pelo espaço da bagageira, que consegue pôr o DS3 entre os melhores: acomoda 245 litros, apenas menos 40 litros que o hatchback, e com os bancos traseiros rebatidos consegue acomodar uns interessantes 980 litros. Mas pela entrada da mesma, que tornará difícil o acesso a malas um pouco maiores do que as usadas como bagagem de cabina nos aviões e também pelo facto de que, com a capota totalmente recolhida, é impossível aceder ao compartimento das malas.

No que toca à estrada, o DS3 Cabrio executa eficazmente sem ser brilhante. Isto apesar de oferecer uma suspensão e uma direcção capazes de imprimir um espírito desportivo à condução. Além do mais, é ágil q.b. para se balancear entre curvas e contracurvas. O que não ajuda a um melhor desempenho é a caixa pilotada de seis velocidades que, embora eficiente, não é rápida o suficiente para permitir grandes ousadias e faz-nos desejar uma caixa verdadeiramente manual (e, na maioria das vezes, optar pelo modo manual da caixa, usando a alavanca para trás e para a frente ou as patilhas localizadas atrás do volante).

Por tudo isto, depois de testadas as várias hipóteses, arriscamos que é na cidade, ou em circuitos curtos de auto-estrada, que o DS3 Cabrio se sente como “peixe na água”. Mais ainda quando não há necessidade de transportar mais ninguém. É que o banco traseiro pode acomodar com facilidade três ocupantes se a ideia é enfrentar um trajecto curto (embora não sobre espaço para quaisquer manobras), mas os adultos, sobretudo os mais altos, poderão sentir-se demasiado apertados.

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