"Uma suprema combinação de alta performance e luxo." Foi assim que a BMW descreveu o modelo, durante a sua apresentação no fim de Abril. E é assim que se acaba por sentir o M6 Gran Coupé, uma variante do M5 no corpo do série 6 Gran Coupé, depois de o pôr à prova no dia-a-dia.
É que o portento da BMW adoptou o enérgico V8 de 4.4 litros e 560cv (o mesmo bloco do M5), que debita um binário de 680 Nm, disponível logo a partir das 1500rpm (e até às 5750 rotações), para lhe vestir a pele ultraluxuosa de um série 6 Grand Coupé. Não satisfeita, a marca juntou-lhe toda a tecnologia desportiva da família Motorsport, que traz consigo a possibilidade de, após a primeira revisão, alargar a velocidade máxima até aos 305 km/h com a aquisição de um desbloqueador de potência por cerca de dois mil euros. Mas mesmo com o limite imposto dos 250 km/h, como aquele veículo que conduzimos, pouco desaponta. Sobretudo se acelerado em recta: os 100 km/h são atingidos quase sem se dar por isso (a marca aponta 4,2s como o tempo necessário para atingir aquela marca, menos uma décima que o M5 com o mesmo bloco).
E, com 560cv à disposição, o melhor é acelerar. Sem medos (excepto das multas, mas para as evitar é sempre possível socorrermo-nos de um muito útil, sobretudo na cidade, limitador de velocidade). Até porque os travões de cerâmica e carbono, apenas disponíveis como opcional (7613€), prometem uma eficácia à prova de bala e de tempo. A BMW garante que os discos, que pesam cerca de metade dos compósitos e que só podem ser anexados a jantes de liga leve de 20’’, durarão a vida do carro.
Quanto à estética, de uma ponta à outra, começando pelas generosas entradas de ar na dianteira e terminando nas pontas de escape duplas na traseira, sem esquecer o tecto reforçado com fibra de carbono, o modelo transpira desportividade. E o resultado é que nem é preciso ligar a ignição (embora se esta for accionada a impressão será ainda mais forte, uma vez que o seu ronco é difícil de passar despercebido). A sua simples presença é motivo para depressa se tornar tema de conversa, quer à porta do café onde se para, quer pelos condutores dos automóveis que vão assumindo o papel de vizinhos pelos semáforos (ou até entre arrumadores de rua que se mostram mais zelosos do que se poderia esperar, não deixando ninguém encostar sequer um dedo: “Com este é preciso ter cuidado”, dir-me-ia um deles.
Mas o BMW M6 Gran Coupé não se fica por aqui. Junta-lhe uma silhueta e uma cor (Cinza Frozen metalizada) que permite integrá-lo na coluna dos clássicos, característica que se estende ao seu interior, sobretudo nos detalhes como são os casos do pesponto à vista no tablier e nos bancos (no veículo que conduzimos, em pele Merino preto) bem como os redondos cromados que emolduram os vários mostradores. Resumindo: não há cabeça (sobretudo se masculina) que não gire na sua direcção.
Pelo bem arrumado habitáculo, não é apenas a sobriedade que impera. Com uma série de apetrechos importados do pacote M, como é o caso dos bancos dianteiros multifuncionais, a desportividade também está bem presente. Mais ainda quando se opta por sair do modo confortável de condução e se selecciona a maneira desportiva. Melhor ainda: é possível ajustar as várias variáveis (caixa de velocidades — uma de dupla embraiagem M com Drivelogic —, direcção, eficiência dos consumos e motor) a um modo específico de condução. Isto permite ter a direcção pesada de um desportivo, casada com consumos eficientes, ou uma caixa mais rápida conjugada com uma direcção mais leve. Seja de que forma for, a ideia deste M passa muito pela personalização de quem segue atrás do volante.