Dobada a meada das ovelhas, a caravana fez inversão junto ao vértice geodésico e à ermida da Senhora da Serra para logo se deparar com nova surpresa. Um autocarro de excursão despejava praticantes de BTT vindos de Gaia e Matosinhos que se preparavam para fazer a descida, nevoeiro adentro e pelos caminhos de terra, até Amarante. "Normalmente demoramos uma hora e um quarto. Com o tempo assim, vamos precisar para aí de duas horas", disse um deles à Fugas.
A manhã deste Mercedes-Benz 4MATIC Experience também acabou em Amarante, num almoço na Casa da Calçada, hotel de charme da rede Relais & Châteaux. Mas até lá ainda tinha muitos caminhos de terra e pedra a vencer. Após uma paragem para café e bolo na Estalagem do Marão, a caravana voltou retemperada à crista dos montes, atravessando enormes áreas de mata que os incêndios do último Verão consumiram. Aqui e ali atravessaram-se bosques fantasmagóricos de árvores despidas e troncos negros, com a primeira vegetação nascida após o fogo a romper muito verde, no chão escuro e agora húmido. O belo horrível.
Fantasmagóricos, ou menos que isso, são os vestígios que restam da antiga mina de estanho e volfrâmio de Fonte Figueira, desactivada desde os anos 1970. É difícil acreditar que, ao longo de 40 anos, e sobretudo nas décadas de 40 e 60, chegaram a trabalhar nesta mina de sete pisos centenas de pessoas que arrancavam às entranhas da montanha, à força de dinamite, cerca de três toneladas de minério por mês.
Muitos solavancos mais tarde, já em Amarante, visitou-se o Convento e Igreja de São Gonçalo, esse curioso monumento nacional, construído ao longo de 80 anos, entre os séculos XVI e XVII, e que foi sucessivamente incorporando elementos de vários estilos, do renascentista ao austero barroco setecentista, passando pelo maneirismo. Destaque para a Varanda dos Reis, ou Loggia, da fachada lateral, com as estátuas dos quatro reis que patrocinaram a sua construção: D. João III, D. Sebastião, o cardeal D. Henrique e D. Filipe (II de Espanha). No interior, ouviram-se histórias sobre São Gonçalo, a quem se atribuem milagres como o de ter feito jorrar vinho do chão e se reconhece, ainda hoje, uma especial vocação casamenteira, sobretudo no que toca a desencalhar as "senhoras mulheres".
Durante o almoço na Casa da Calçada, a chuva caiu em abundância, o que implicou ligeiras alterações de percurso da parte da tarde, como a anulação de uma íngreme ravina de terra que se havia feito lama. A visita ao que resta do peculiar Castelo de Arnoia também não foi além do respectivo centro de interpretação, onde os participantes na Mercedes-Benz 4MATIC Experience ouviram a lenda dos cristãos que dali expulsaram os mouros que os escravizaram com um ardil. De noite, colocaram badalos ao pescoço de tudo quanto era gado e espalharam archotes pelo sopé do monte. De tal modo que conseguiram pôr os mouros em fuga, convencidos de que vinha ali um grande exército cristão. Diz-se que o castelo oferece uma das melhores vistas do Marão, mas não em dias assim, com um nevoeiro muito adequado às lendas mas pouco amigo dos miradouros.