Fugas - Motores

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Revolução francesa na tradição familiar

Por Carla B. Ribeiro

Um visual renovado, por dentro e por fora, graças à estreia de uma nova plataforma, o C4 Picasso continua com o espaço necessário para se apresentar como uma verdadeira solução familiar.

Continua a ser um dos problemas da maioria dos familiares – são feitos para casal e dois filhos, sobrando espaço apenas para encaixar alguém. Mas, numa viagem mais extensa, é quase certo o desconforto do terceiro passageiro. Ora porque o lugar do meio é curto, ora porque o assento é mais elevado e rijo, ora porque, se forem crianças pequenas, é muitas vezes impossível encaixar as três cadeirinhas. O que não acontece no C4 Picasso: são cinco lugares reais, com cinco bancos. E, sem desvalorizar o rol de novidades, essa continua a ser a sua carta na manga.

A (inteligente) utilização de espaço volta a ser testemunhada na bagageira que, com 537 litros de capacidade, é capaz de acomodar sem dificuldades a bagagem de cinco ocupantes com os bancos chegados mais para trás – na versão de sete lugares, com o Grand C4, a mala encolhe para 170 litros, embora se mostre maior desde que os últimos dois bancos não estejam montados; são 645 litros no Grand C4 de sete lugares com cinco bancos montados. Por isso, neste aspecto, o C4 Picasso mantém a sua tradição. É só carregar e seguir viagem com uma certeza: ninguém se irá a acotovelar pelo caminho. Já em tudo o resto houve uma completa revolução.

Comece-se pela nova plataforma, a EMP2 (Efficient Modular Platform 2) que a Citroën estreou com este modelo. A marca francesa afirma que esta proporciona sensações mais perceptíveis no prazer de condução. Mas o que, de facto, salta à vista é a forma como a nova plataforma, mexendo com as proporções, alterou todo o design do C4 Picasso. A frente parece ter desaparecido, de tal forma foi encurtada, o que lhe confere o carácter compacto e desportivo ambicionado. Além disso, todo o olhar luminoso passou a ser delineado por finas luzes diurnas em LED que se prolongam pela carroçaria; os faróis surgem imediatamente abaixo daquelas e as luzes de nevoeiro rematam a nova "assinatura luminosa".

Mas há mais. Também o motor e o piso sofreram um corte na distância ao solo (o primeiro entre 40 e 50mm; o segundo, 20mm) e as vias foram alargadas em 82mm à frente e 31mm atrás. Tudo somado, este MPV traz na sua carta de apresentação atributos como mais "dinâmico", mas também mais "enérgico e denso". Qualidades facilmente comprováveis após algumas voltas. Não há buraco que o intimide ou ressalto que cause incómodo, factos directamente ligados ao trabalho à volta das suspensões. No entanto, e embora não transmita a aderência à estrada de outros, não revela propensão para fugir em curva ou para se mostrar, em velocidade, cambaleante com ventos mais fortes. Já na altura de efectuar manobras, há que valorizar a inclusão de uma direcção com assistência eléctrica, tornando-a de fácil e agradável manuseio. Ainda assim, a estrada de montanha não será o seu habitat natural, apresentando-se mais fiável quer em cidade quer em auto-estrada.

Assim que se entra no carro é possível verificar que houve um trabalho no sentido de melhorar materiais – e muitas vezes a percepção dos mesmos –, não esquecendo de aqui e ali ir acrescentando alguns detalhes mais habituais nas marcas premium, como os bancos dianteiros com função de massagem. No entanto, da posição do condutor parece tudo demasiado longe e requer alguma habituação até que nos sintamos adaptados ao lugar e à posição.

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