Fugas - Motores

  • Fernando Veludo/NFactos
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Reviver o passado com o conforto do presente

Por Alberto Pires

O revivalismo em torno do motociclismo está a revelar-se uma excelente oportunidade para algumas marcas. A Triumph é uma delas, ao propor um regresso ao passado com a Bonneville T100.

Não sei qual a origem desta vontade ou a razão de ser deste prazer. Mas, subitamente, (re)começámos a gostar de um género de motos que, não há muito, não justificavam sequer que perdêssemos tempo a ir buscá-las ao fundo de uma qualquer garagem e as tentássemos colocar a trabalhar.

São as chamadas “clássicas”, para os puristas uma designação tão abrangente quanto imprecisa. Na realidade são motos modernas, dotadas de soluções técnicas recentes, garantindo um comportamento mecânico e ciclístico de nível elevado e distinguindo-se das restantes pela personalidade das formas e carácter de funcionamento.

Realmente, temos saudades do tempo em que reconhecíamos a silhueta de uma moto, identificávamos o formato do motor e não tínhamos dúvidas de qual se tratava só de o ouvir passar. Chegámos também à conclusão que a performance oferecida pelos modelos desportivos é excessiva para as estradas e radares que temos, e que uma moto não é apenas uma fonte de adrenalina.

A Triumph é uma das marcas que está a aproveitar devidamente esta vaga saudosista, com uma série de três versões que nos transportam directamente para os anos de 1960. A mais emblemática, a Bonneville, tem a sua origem em 1959 e foi assim baptizada por forma a aproveitar os recordes de velocidade conseguidos no lago salgado do Utah com esse nome, em 1955, por um piloto americano aos comandos de uma moto com motor Triumph.

Foi também com a Bonneville que a Triumph chegou à conclusão de que já não tinha argumentos para combater as produções japonesas, fechando a fábrica de Meriden em 1983. A marca haveria de reabrir no ano 2000, com uma nova liderança e uma gama de motos capazes de disputar o mercado, mas nunca se esqueceu das suas origens. A permanência no catálogo de uma Bonneville permitiu-lhe estar hoje numa excelente posição para liderar a oferta neste segmento.

O primeiro contacto é revelador do que nos espera. A posição de condução é natural, apoiamos os pés com facilidade no chão e percebemos, ao endireitá-la e ao recolher o descanso, que não houve preocupação em reduzir o peso. Depois de encontrar o local onde introduzir a chave da ignição, situado no suporte esquerdo do farol, e tocar no botão do start, somos presenteados com uma agradável sonoridade do bicilíndrico e uma expressão do seu funcionamento ao longo de toda a ciclística.

Assim que começamos a rodar, surgem as outras particularidades. A caixa de cinco velocidades é firme no accionamento e mostrou-se precisa ao longo de todo o teste, sendo a força a fazer na manete da embraiagem aceitável. A posição do corpo é levantada, com os braços pouco flectidos, e sentimos que não vamos ter dificuldades em gerir os 230kg em que vamos montados, mesmo quando o trânsito citadino oscila entre a indecisão e a lentidão.

A capacidade de travagem, sem impressionar pela potência, é suficiente para nos sentirmos seguros, contribuindo de alguma forma para estabelecer o ritmo a adoptar. No empedrado as suspensões mostram uma boa capacidade de absorção, e em asfalto liso até somos tentados a elevar o andamento para além daquilo para que nasceu. Longe de se queixar, a moto mostra-se capaz de uma grande estabilidade, trocando uma menor rapidez na mudança de ângulo por uma superior firmeza ao longo de toda a trajectória.

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