Acciona-se a ignição e aquilo que mais impressiona não é o som do motor mas a ausência dele. O bloco diesel de 1.6 litros é, aliás, tão silencioso que houve quem duvidasse que fosse mesmo alimentado a gasóleo. Fora as conversas surdas a que tal facto pode dar (e deu) origem, o resto são só vantagens. Até porque a sua mudez não é sinónimo de fracas prestações.
Tirando a aceleração dos 0 aos cem quilómetros, que leva 11,4 segundos, apesar de assentar na mais leve plataforma modular EMP2 (estreada no Citroën C4 Picasso) e de ter visto o seu peso reduzido em 140kg, todo o desempenho do 308 e-HDi servido por 115cv é apelativo o suficiente para se tentar retirar dele tudo o que o carro tem para dar. Com uma velocidade máxima de 195 km/h, a aceleração, não obstante ser pouco dinâmica, é constante, facto a que não é alheia uma bem escalonada caixa manual de seis velocidades — embora o melhor seja ignorar as indicações de mudança de velocidade segundo as quais circular-se-ia em sexta desde o arranque até ao estacionamento.
Mas há mais-valias que fazem com que quase se esqueçam os pequenos defeitos. Como os números apontados tanto para consumos como para emissões. E esse era o objectivo primordial da marca: tornar-se campeã daqueles dois parâmetros. E, devido ao menor peso, às melhorias no aerodinamismo e à eficiência dos motores e transmissões, bem como ao uso de pneus específicos (Michelin Energy Saver) de ultrabaixa resistência ao rolamento, foram conseguidas reduções substanciais nos consumos e emissões. No caso do carro testado, a marca aponta para emissões de 100 g/km de CO2, embora mais relevante seja a redução de emissões de outras partículas, como as nocivas NOx, ao ponto de a Peugeot conseguir registar o carro como Euro 6.
Já sobre os consumos, a marca francesa de Sochaux avança com uma atrevida média para esta versão de 3,8 litros a cada cem quilómetros. Atrevida, mas nem por isso distante da realidade. Não se tendo conseguido obter o mesmo valor, o certo é que raramente se observou a média de consumos escalar os seis litros, tendo o registo mais comum sido entre os 4,5 e os 5,0 l/100km.
Não desvalorizando a importância tanto dos consumos como das emissões, o 308 atrai também por outras razões, sobretudo estéticas. Quer por fora, quer por dentro, o carro mostra-se fluido e dinâmico, mas sobretudo limpo. É o caso de todo o painel dianteiro, por onde não pululam botõezinhos de várias formas e cores. A marca optou por incluir apenas o essencial, além de um muito útil ecrã táctil com todas as informações sobre o veículo (além de um eficiente sistema de navegação, de série neste nível de equipamento), o que confere ao interior um ar sóbrio que terá a seu favor o pouco desgaste e uma certa intemporalidade.
Ainda no habitáculo, onde o condutor usufrui de uma excelente posição de condução, favorecida pelo desenho dos bancos que garantem um bom apoio, torce-se o nariz quando se tem de enfiar um bloco de notas no compartimento da porta: os pequenos espaços de arrumação parecem ter sido mal pensados e não são raras as vezes em que não se sabe onde pousar o que se tem na mão.
No que toca à segurança, o Peugeot 308 conseguiu as cinco estrelas Euro NCAP e, de acordo com os exigentes parâmetros de 2013 deste organismo independente, somou 92% na segurança dos ocupantes adultos, 79% na dos ocupantes crianças, 64% na dos peões e 81% nos dispositivos auxiliares, entre os quais acendimento automático dos sinalizadores de emergência em caso de forte desaceleração, assistência à travagem de emergência e controlo de tracção inteligente.
Tudo somado, o Peugeot 308, que tem vindo a amealhar prémios, Carro do Ano europeu incluído (em Portugal ficou pelos finalistas), é um familiar compacto a ser considerado sobretudo na versão diesel 1.6 de 115cv em que consegue ser tão ágil quanto poupado.
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Nascido para ser um campeão de consumos e emissões