Não há carros perfeitos, mas em alguns casos é muito difícil descobrir falhas. O novo Kia Carens é um desses casos. Com um preço de referência para veículos com dimensões e potência similares, bem equipado de série e com um habitáculo muito bem aproveitado, este monovolume de sete lugares apresenta fortes argumentos para se impor no seu subsegmento e não só: face ao seu “primo” Sportage, que recebeu um uplift, apresenta inegáveis vantagens em termos de preço, potência e funcionalidade.
É claro que o veículo que conduzimos era novo (zero quilómetros) e os eventuais defeitos só aparecem com o uso, mas o motor diesel 1.7 CRDi, aqui na sua versão mais potente, 136cv, tem provas dadas noutros modelos da Kia e a garantia de sete anos, comum a todos os modelos da marca, também serve para dissipar receios.
Esta terceira geração do Carens, que já está à venda, foi apresentada em simultâneo com o renovado Sportage, o modelo mais vendido da Kia. Mas o Carens exibe argumentos que o tornam uma alternativa muito forte face não só a modelos da concorrência como ao próprio Sportage. Sendo ambos crossovers, o Sportage tem maior altura ao solo e, com tracção 4x2, algumas aptidões para todo-o-terreno de baixa/média dificuldade (com tracção integral, as aptidões sobem, mas o preço também), podendo ser esteticamente mais apelativo (mas isso é discutível). Já o Carens, apesar de ser um pouco mais comprido que o Sportage (4525mm para 4440mm), parece menor, é mais funcional, tem mais espaço interior e lotação (respectivamente, 7 e 5 lugares). E, com peso quase idêntico, traz a versão de 136cv do motor 1.7 CRDi face aos 115cv da variante do mesmo propulsor que equipa o Sportage. A somar a tudo isto, beneficiando do desconto de 3000€ da campanha de lançamento (até final de Junho, mas provavelmente prolongada até ao fim do Verão), o Carens custa menos 2500€ do que o Sportage com o mesmo nível de equipamento (28.842€).
O Kia Carens, que é classe 1 nas portagens, está disponível em Portugal apenas com uma motorização e um único nível de equipamento TX, com poucas opções (navegação, tecto panorâmico e caixa automática de seis relações). Esta é uma política de preços transparente, não sendo o comprador surpreendido com equipamento opcional que deveria ser de série, com o consequente aumento do custo real de aquisição.
Honesto é também o comportamento do motor, que não é muito guloso. Mesmo no modo de condução Sport (os outros dois são o Comfort e o Normal), os arranques e recuperações não são brilhantes, mas quando sobem as rotações há potência suficiente para enfrentar subidas mais acentuadas sem ser necessário recorrer muito à bem escalonada caixa manual de seis velocidades. Por mais 3000€, pode-se optar por uma caixa automática de seis relações, que origina performances inferiores às conseguidas com a caixa manual.
Boa estabilidade, suspensão confortável, posição de condução alta, nível de ruído reduzido e boa visibilidade (ajudada pela câmara de visão traseira) fazem deste monovolume um veículo não só adequado para transportar famílias em viagens longas, mas também com atributos para a condução em cidade, para o que contribui o sistema Start/Stop de série.
