Fugas - Motores

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Agora sim, o smart é um carro!

Por João Palma

A terceira geração do smart fortwo, mantendo as características que o tornaram único no mercado, é um salto qualitativo e quantitativo face às anteriores. Muito mais estável e guiável, o novo smart fortwo é agora um verdadeiro carro.

Quem escreve estas linhas, embora reconhecendo características únicas ao smart fortwo que o tornaram o citadino por excelência, nunca foi um grande apreciador deste carrinho. É verdade que em testes de 2007 do Euro NCAP o smart fortwo tinha obtido 4 estrelas num máximo de 5 (o mesmo que obteve agora pelos muito mais rigorosos parâmetros de 2014), algo de muito aceitável para um pequeno veículo, mas a partir dos 80-100 km/h o velho smart parecia uma bailarina que se ia desconjuntar.

Foi, por isso, com algumas reticências que se sentou atrás do volante do novo smart fortwo, quando da sua apresentação internacional. Porém, bastaram só alguns quilómetros percorridos para se desfazerem todos os preconceitos. Até na versão de entrada o pequeno citadino está muito diferente para melhor face às anteriores gerações: mais estável, graças a ser 10cm mais largo, 2cm mais baixo e ter mais 6mm de distância entre eixos que o seu antecessor, mesmo a velocidades acima dos 100 km/h sente-se o veículo preso à estrada como se fosse um carro de maiores dimensões.

Essa sensação é reforçada na versão que agora conduzimos com o motor tricilíndrico a gasolina de 90cv, que, em conjunção com o controlo de estabilidade, dispõe de assistente de ventos laterais que evita que o carro se desvie da rota devido a súbitas rajadas de vento. A somar a isso, o pacote Edition #1 opcional que o equipava (2060€), além de volante multifunções, pedaleira desportiva e tecto panorâmico, incluía suspensão desportiva rebaixada em 10mm, que, sendo mais seca em pisos degradados, reduz as oscilações longitudinais.

O novo smart fortwo é muito divertido e fácil de conduzir. Com uma direcção leve e directa, resposta rápida nas acelerações ou recuperações e muita genica dos 90cv do pequeno motor tricilíndrico de origem Renault, o pequeno e leve smart fortwo (900kg) praticamente dispensa o recurso à bem escalonada caixa manual de cinco velocidades mesmo em subidas mais acentuadas. Algo ruidoso, o propulsor não é muito económico — fizemos uma média de 6,0 l/100km num percurso variado. Há, porém, que reconhecer que o carro, pelo seu espírito, quase obriga a uma condução viva.

Com um diâmetro de viragem imbatível de 6,95m entre passeios e 7,30m entre paredes, este citadino de dois lugares faz inversão de marcha numa só manobra em espaço reduzido. E, apesar de ser um pouco mais largo, tem o mesmo comprimento das anteriores gerações, pelo que continua a poder estacionar-se (mesmo na perpendicular) em espaços inacessíveis a outros carros. Porém, as grandes portas requerem algum espaço para se abrirem.

FUN.ctional: é como definem os responsáveis da marca o novo smart e o carrinho, sendo prático e divertido, corresponde à definição. Ao design exterior, que, mantendo o ADN do smart, o tornou mais sofisticado, corresponde um ambiente a bordo jovial, reforçado pelo tecto panorâmico, que lhe adiciona claridade. O modo como foram usados plásticos duros e tecidos de cor viva no habitáculo é um exemplo de como é possível conseguir requinte sem recorrer a materiais caros. A largura adicional proporciona espaço para os dois ocupantes, sendo possível obter uma boa posição de condução com visibilidade para quem quer que se sente atrás do volante. Para além do conta-rotações+relógio analógico e ventiladores sobre o tablier típicos do smart, existe um visor multifunções atrás do volante e um ecrã táctil ao centro do tablier com diversas informações: pode, por exemplo, ter uma configuração tripartida com identificação da estação de rádio, do índice de economia em percentagem (eco score, com base em três parâmetros, aceleração, condução defensiva e engrenar) e do mapa do GPS.

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