Fugas - Motores

Nuno Ferreira Santos

O melhor carro para conduzir? Um que tenha volante e quatro rodas!

Por Carla B. Ribeiro

Numa altura em que as estradas nacionais vão sendo invadidas pelo Rali de Portugal, desafiámos o piloto Adruzilo Lopes a pôr à prova a versão comercial mais parecida ao carro que é campeão mundial de ralis.

“Todos os que tenham volante e quatro rodas.” A convicta resposta à questão de qual o carro que o poderia levar ao paraíso ou que terá tido mais prazer em conduzir durante a sua carreira, desarma-nos logo a início de conversa. “É normal que não compreendam – nunca ninguém percebe.”

Adruzilo Lopes, um nome que não é indiferente a ninguém que siga as provas de ralis e que este ano integra o Campeonato Nacional na equipa ARC Sport aos comandos de um Subaru, começou a conduzir numa idade em que a maioria ainda testa a destreza em duas rodas sem qualquer motor associado. Mas antes, quando os anos de vida ainda não juntavam dois dígitos, já passava horas e horas ao volante. “Conduzia mesmo. De mãos no volante, a trabalhar os pedais, a meter mudanças…” “De carro parado?”, pergunta alguém. “Claro!”

Por isso, quando se senta aos comandos do Polo GTI, a versão comercial mais aproximada do carro que detém actualmente o título de campeão do mundo de ralis, o Volkswagen Polo R WRC — “mas que não tem, mesmo!, qualquer comparação possível” — mostra até achar alguma graça. Mas não mais do que conduzir qualquer outra viatura.

Tudo neste carro lhe agrada e, ao mesmo tempo, não há nada que o leve a desejá-lo: “Um carro destes é para ter aos 20 anos; com a minha idade já procuro o conforto.” “Mas aos vinte, acabadinhos de tirar a carta, este não é um carro perigoso?”, perguntamos. A resposta chega na forma negativa — “tudo neste carro está pensado para ser extremamente seguro, a começar pela longa distância entre eixos, tendo em conta o comprimento do carro, que faz com que se comporte sempre de forma irrepreensível”.

Ou seja, na opinião de Adruzilo não é preciso ser um “ás” do volante para dominar este carro porque é a própria máquina que se autodomina. Naturalmente, que também a máquina tem um limite, refere. E, a partir do momento que se ultrapassa esse limite, “já foste”, brinca.

O Polo GTI chegou este ano com a terceira geração do mesmo bloco que equipa o Golf GTI, de 1.8 litros com dupla injecção a gasolina e 192cv. Uma potência que não enche o olho a ninguém, mas que é sobejamente aproveitada, tirando partido de um binário de 250 Nm, disponível logo a partir das 1250rpm e até às 5300rpm.

Isto acontece com a caixa DSG de sete relações ensaiada — com a caixa manual de seis velocidades, o carro mostra-se ainda maior, reclamando um torque de 320 Nm entre as 1400 e as 4200 rotações. Apesar desta diferença, a marca garante que as prestações são similares: ambas as versões aceleram dos 0 aos 100 km/h em 6,7 segundos e as duas têm uma velocidade máxima de 236 km/h. Na opinião de Adruzilo Lopes, a caixa automática tem um comportamento razoável, sobretudo se for gerida manualmente, recorrendo às patilhas no volante.

Também com provas de velocidade no currículo, Adruzilo desvaloriza o que sente nestas comparativamente ao que se experiencia numa prova de rali. “Nos ralis, a competição é contra o relógio. É uma luta mais justa.” Ansiedade é palavra que surge na conversa quando se começa a falar de competição, mas o piloto de Vizela garante que nunca sentiu tal coisa. Uma arrogância que não é outra coisa que naturalidade. E, a dada altura, começa-se a perceber a sua primeira resposta. Para Adruzilo, arriscaríamos, conduzir é quase como respirar: fá-lo sem sequer ter de pensar.

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