Fugas - Motores

  • Patrícia Martins

Um funcional e despachado citadino sem artifícios

Por Carla B. Ribeiro

Funcionalidade e simplicidade. Podem ser estas as palavras-chave para caracterizar o novo citadino da Opel, com um único motor e um razoável nível de equipamento.

O novo veículo de entrada de gama da Opel vale-se pela honestidade: o Karl, cujo lançamento arranca hoje, é um carro simples e bem equipado, embora sem grandes artifícios, que não pretende ser mais do que é e que se encomenda por menos de dez mil euros caso se tire proveito das campanhas em vigor — 1000€ de valorização na retoma que se podem somar a outros 1000€ caso se opte por financiamento específico.

A isto acresce a oferta de um pacote de equipamento que inclui jantes estruturais de 15’’, faróis de nevoeiro e alerta de saída de faixa de rodagem no valor de 450€. A marca estima que esta promoção permaneça disponível até ao fim de 2015.

Com a relação qualidade/preço resolvida, entra-se no Karl com a certeza de que não se vão encontrar quaisquer luxos. Isso não significa que desaponte — como seria de esperar, os materiais não exibem uma qualidade premium e há uma enorme abundância de plásticos duros, mas a construção parece pensada para que não se oiçam muitos chocalhos ao longo da sua vida. É certo que o carro com que andámos era novinho em folha, com menos de 200 quilómetros contabilizados. Mas quantas vezes não se entra num carro nas mesmas condições e já se percepcionam barulhinhos parasitas aqui e ali?

Outra vantagem ao nível do ruído é o bloco a gasolina tricilíndrico, que, como já havia sido apurado noutros modelos da Opel, impressiona pelo silêncio. Na realidade, a ausência de um quarto cilindro, que em alguns motores é sinónimo de uma serenata ao nível de uma fanfarra, não se consegue detectar pelo ouvido. E, no que diz respeito ao comportamento, a potência equivalente a 75cv, com o motor acoplado a uma transmissão manual de cinco velocidades, dá para o gasto — não sendo um ás da aceleração (13,9 segundos é o tempo oficial que demora a ir dos 0 aos 100km/h), o Karl revela-se despachado na confusão citadina, exibindo recuperações satisfatórias. Isso é ainda mais surpreendente se se puserem em cima da mesa os restantes dados — para o Karl a Opel adoptou o mesmo bloco que anima o Adam ou o Corsa, mas tirou-lhe a injecção directa e o turbo. 

A medida que, à primeira vista, poderia resultar num carro amorfo, acaba por dar origem a um propulsor com uma vivacidade q.b. para não deixar ninguém com sentimentos de frustração. É que há que ter em conta que a decisão permitiu poupar peso ao motor: o Karl pesa 939 quilos, enquanto o Adam com o mesmo motor, mas com 115cv, acusa 1156 quilos. E a diferença de mais de 200 quilos compensa em parte os 40cv a menos do Karl.

Os desempenhos despachados têm é sempre um reverso da moeda: achamos difícil cumprir os 5,6 l/100km para a circulação na cidade (o consumo misto oficial é de 4,5 l/100km). Até porque, entre o pára-arranca urbano, é difícil não nos entusiasmarmos com as respostas ávidas deste pequeno carro. Isto quando segue apenas o condutor no habitáculo. Se se ocuparem todos os lugares — cinco, ao contrário do que vem sendo um mau hábito entre o segmento dos citadinos, equipados apenas com quatro cintos —, o Karl queixar-se-á do peso acrescido e as suas respostas serão notoriamente menos lestas. Pela mala há 215 litros disponíveis, o suficiente para ir às compras sem grandes desvarios. A capacidade de arrumar volumes no carro cresce com o rebatimento dos bancos (possível na modalidade 60/40) para uns muito interessantes 1013 litros. Refira-se que o pequeno e personalizável Adam arruma menos 40 litros e o Corsa acresce à oferta do Karl somente mais 70 litros.

Há ainda outra razão para colocar o Karl na lista de opções caso as necessidades de deslocação sejam maioritariamente na cidade e haja crianças para transportar. A Opel não foi espartana no equipamento de segurança e o Karl inclui, de série, seis airbags (frontais para condutor e passageiro — este último desactivável —, de cabeça para os lugares da frente e de trás e laterais nos bancos dianteiros), fixações Isofix para duas cadeirinhas no banco traseiro e trinco de segurança para as duas portas de trás.

A lista de equipamento que chega de série é pensada para que quem vai buscar um Karl não precise de dispender mais nenhum cêntimo além do preço fixado (11.850€ sem campanhas). É que, como explicou o director-geral da General Motors Portugal, João Falcão das Neves, quando da apresentação, “seria muito fácil apresentar preços inferiores a 10.000€, mas isso seria enganar os potenciais clientes que se deparariam com um carro completamente despido de equipamento.” Em vez disso, a Opel para Portugal decidiu apostar num único modelo com uma lista de equipamento ampla, resumindo os extras a dois ou três pacotes. Assim, o equipamento de série inclui ar condicionado, fecho centralizado com comando à distância, retrovisores eléctricos, computador de bordo, programador de velocidade com limitador, rádio com Bluetooth e entrada USB, assistência ao arranque em subida, monitorização da pressão de pneus, vidros eléctricos à frente (manuais atrás). 

Nos opcionais, além do Pack Style, no valor de 450€, que integra a oferta de lançamento, poderá ainda ser adquirida assistência ao estacionamento (300€) ou vidros escurecidos atrás (150€). A partir de Janeiro, o Karl poderá ser equipado com Intellilink, integrando o novo sistema Opel OnStar — ainda não há preços definitivos, mas sabe-se que o pack ficará abaixo dos 500€. Embora este serviço, que se estreia em Setembro com o Astra, só esteja disponível para o Karl a partir de Janeiro, já podem ser efectuadas encomendas.

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