Fugas - Motores

Daniel Rocha

Este carrinho não é para “velhinhos”

Por João Palma

Até há pouco tempo, os citadinos, com excepção do Fiat 500, eram em geral meios de transporte baratos, algo cinzentos. Mas o paradigma alterou-se e carros como o Peugeot 108 que conduzimos têm visual atractivo e vêm bem equipados.

Pode o que era originalmente um citadino económico ter um upgrade qualitativo face à anterior geração que o aproxima dos pequenos carros de nível premium? Sim, como prova esta versão do Peugeot 108 que conduzimos, com a motorização mais potente disponível – 1.2 a gasolina de 82cv –, nível de equipamento superior e personalizada com um dos seis temas disponíveis, Sport. O “quase” que lhe falta para ser um citadino premium será a existência de plásticos duros no tablier e revestimento do habitáculo.

A contrapor a isto, porém, os acabamentos cuidados e a decoração interior da consola e do painel de bordo em branco Porcelaine dão-lhe um toque de classe extra. O visual desportivo é-lhe conferido pelas decalcomanias num xadrez discreto no capot e nos painéis laterais.

Em resumo: é um carrinho giro (por isso o fotografámos, apesar de este ser um teste reduzido) e o tema Sport é um dos seis disponíveis para personalizar o exterior do Peugeot 108, sendo os outros Dressy, Kilt, Diamond, Barcode e Tattoo — uns mais masculinos e outros mais femininos, procurando satisfazer um amplo leque de gostos. E para personalizar ainda mais cada 108, para o interior propõem-se quatro tipos de ambiente, Porcelaine, Aïkinite, Vermelho, Vermelho e Porcelaine, e seis tipos de estofos, incluindo um em pele, além de diversos pormenores decorativos.

No nível de equipamento superior, Allure, e com a mais potente motorização disponível para este citadino, o motor tricilíndrico de 1199cc com 82cv de fabrico PSA, o preço-base do Peugeot 108 é 13.220€. Os extras que trazia o carro que conduzimos também não carregavam em demasia o preço e, sem serem indispensáveis, tinham a sua utilidade: o tema exterior Sport (390€), interior Porcelaine (90€), uma muito prática câmara de visão traseira (250€) e um pacote que incluía acesso e arranque mãos-livres, sensores de luz e climatizador (680€). No total, 14.630€.

Este é um carro que se sente como peixe na água em ambientes urbanos: com 3,47 metros de comprimento, a câmara de visão traseira opcional e necessitando de rodar o volante apenas 2,6 voltas para um ou para outro lado, arruma-se em qualquer buraquinho. Os 82cv do motor e um binário de 118 Nm logo às 2750 rpm, aliados a uma caixa manual de cinco velocidades precisa e de relações longas, permitem que este citadino se despache com ligeireza no pára-arranca citadino. Ao ralenti e em primeira ou segunda velocidades, o motor é algo ruidoso e sentem-se vibrações, algo que se atenua consideravelmente nas mudanças superiores e a maior velocidade.

A marca anuncia consumos médios de 4,3 l/100km e de 5,4 l/100km em cidade. Num percurso essencialmente urbano, com bastante pára-arranca, fizemos uma média de 6,3 l/100km. Em estrada e auto-estrada, quase sempre nos limites máximos permitidos, a média rondou os 5,5 l/100km. De realçar que, estando vocacionado para a condução em cidade, com este motor 1.2 de 82cv também se faz à estrada sem temor, revelando capacidade razoável nas recuperações e ultrapassagens e boa estabilidade tanto em recta como em curva.

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