Fugas - Motores

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Económico não é sinónimo de barato

Por João Palma

Não é o mais acessível dos monovolumes compactos à venda. Afinal, é um Mercedes, com a qualidade e sofisticação de uma marca premium.

A versão B 180 CDI do monovolume compacto da Mercedes, que pudemos conduzir, não é a mais barata, mas com o motor 1.5 de origem Renault na variante de 109cv justifica o acréscimo de 850€, para o modelo de entrada, B 160 CDI, que tem o mesmo motor mas só com 90cv. Com melhoria significativa nas performances, o B 180 CDI tem os mesmos consumos e emissões que o B160 CDI (é bastante frugal, como pudemos comprovar) e apresenta talvez a melhor relação preço/qualidade/desempenho de todos os classe B.

Agora há uma questão que se pode pôr: tanto os classe A como os classe B 160 CDI e 180 CDI utilizam o conhecido motor diesel 1.5 de origem Renault nas suas variantes de 90cv e 109cv. Veículos premium com propulsores de marca generalista?

A justificação obedece a uma lógica inatacável: até há pouco tempo, as marcas premium e as generalistas tinham campos de acção bem delimitados, algo que já não acontece nos dias de hoje, com incursões recíprocas em coutadas até aqui exclusivas. As versões de entrada dos classe A e B apontam a novos públicos fora do âmbito tradicional da Mercedes. Para as equipar, o fabricante alemão necessitava de um motor de dimensões mais reduzidas e menor cilindrada. Havia dois caminhos: despender milhões para construir um propulsor novo de raiz ou ir buscar um motor de reconhecida qualidade de outro fabricante.

E foi esta via que a Mercedes seguiu, investindo os milhões que poupou noutras tecnologias e equipamentos. É como alguém que é objecto de um transplante cardíaco: continua a manter a sua individualidade. Este classe B 180 CDI, à excepção do “coração”, é 100% Mercedes no visual, materiais, acabamentos, equipamentos, chassis e transmissões.

A segunda geração do classe B, de 2011, foi objecto de uma renovação no final do ano passado, que aqui demos conta e se traduziu em 15% de alterações e 600 novas peças. Mas, pese embora algumas mudanças no aspecto exterior e interior, foi mantido o visual de monovolume compacto. No habitáculo, de fácil acesso, cinco pessoas sentam-se confortavelmente. A mala, de formato regular, tem 488 litros de capacidade (1547 litros com a segunda fila de bancos rebatidos). Com tanto espaço disponível, é de lamentar a inclusão de um questionável kit de “reparação” de pneus sob o fundo da mala, no espaço circular onde deveria estar uma roda sobresselente.

O carro que conduzimos vinha com uma pintura sólida, Vermelho Jupiter, que casa muito bem com o classe B e lhe confere um visual vivo, fresco e desportivo, para o que também contribuem os faróis em LED opcionais e as duas saídas de escape. No entanto, o classe B com o motor 1.5 CDI de 109cv, tendo performances bastante aceitáveis para um veículo com 1,56 metros de altura, 4,39 metros de comprimento e um peso de 1420kg, é essencialmente um veículo familiar e frugal nos consumos.

A viatura que nos disponibilizaram vinha equipada com a muito eficiente caixa automática de dupla embraiagem DCT de sete relações. Dos cerca de 7000€ de equipamento opcional que o veículo trazia, os 2250€ que custa esta caixa são compensados pelo conforto (em particular no pára-arranca citadino) e economia de consumos que proporciona. E para uma condução mais desportiva, como, por exemplo, em estradas sinuosas de montanha, há um modo manual com patilhas no volante.

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