Fugas - Motores

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Uma poupadinha montra tecnológica

Por João Palma

A quarta geração do Toyota Prius, com mais equipamento, tem menos potência que a anterior, mas, sendo mais leve e aerodinâmica, com uma maior eficiência energética, tem desempenho superior tanto em consumos como em performances.

Os japoneses são de ideias fixas, mas às vezes temos de lhes dar razão. A Toyota aposta nas motorizações híbridas eléctricas/gasolina em detrimento do diesel e aí está o Prius IV a bater-se em eficiência energética com os mais económicos veículos a gasóleo. O motor de combustão tem agora 40% de eficiência térmica (o normal, nos veículos a gasolina, situa-se nos 30-35%) e a bateria aumentou em 60% a performance e 34% a durabilidade.

A nova bateria de hidretos metálicos de níquel, mais pequena e compacta, situa-se agora sob os bancos traseiros em vez de na mala, o que aumentou a capacidade desta para 502 litros, um valor superior à da maioria dos veículos do segmento C em que o Prius se insere. Uma teimosia típica da marca (esta mais discutível) é a ausência de pneu sobresselente substituído pelo questionável kit de reparação de pneus.

Há veículos em que a emoção se sobrepõe à razão, mas o Prius é o contrário — um veículo eminentemente racional. O design não é consensual, mas quando a marca nos diz que sacrificou o estilo à eficiência aerodinâmica, com um imbatível coeficiente de Cx 0.24, temos de nos calar. Já o aileron continuar a cortar ao meio o óculo traseiro, dificultando a visibilidade.

O veículo que conduzimos trazia o nível de equipamento Luxury com oferta de lançamento do pacote de pele, no valor de 1900€. O Luxury inclui jantes de liga leve de 17’’, em vez das de 15’’ do nível de entrada, Exclusive. Isso, segundo a marca, penaliza os consumos e emissões. Ainda assim, num percurso misto de cerca de 200km, obtivemos uma muito boa média de 4,0 l/100km. É certo que utilizámos mais o modo Eco em detrimento dos Normal e Power, mas não tivemos preocupações especiais na condução. O funcionamento da caixa CVT está melhor que no Prius anterior, mas é algo ruidosa quando se acelera a fundo, o que contrasta com o silêncio que se verifica no arranque e a velocidade constante.

A instrumentação, dividida por dois ecrãs centrais (o maior, táctil), é muito completa, para alguns talvez até excessiva, mas o cliente habitual do Prius privilegia a abundância de informação e a tecnologia ao serviço do condutor, pelo que não terá razões de queixa. Porém, tendo head-up display (informação projectada no pára-brisas), o sistema de infoentretenimento Toyota Touch 2 não inclui navegação, só disponível com o pacote Techno.

No interior, excluindo o visual futurista dos ecrãs e da instrumentação, há marcas que com soluções inferiores conseguem obter resultados estéticos superiores. A qualidade dos materiais e acabamentos é inquestionável, mas, por exemplo, o plástico branco usado na consola, mesmo sendo de nível premium, não prima pelo bom gosto.

Abstraindo do “embrulho”, o novo Prius vale pelo conteúdo, sob todos os prismas: mecânica, conectividade, habitabilidade, conforto, segurança e equipamento de série. Faróis bi-LED, controlo automático de máximos, climatizador de duas zonas, câmara de visão traseira, banco do condutor com ajustamento lombar eléctrico, sensor de luz ou jantes de liga leve de 15’’ são alguns dos itens comuns a toda a gama, a que, no nível Luxury, se adicionam o carregador de smartphones por indução, jantes de 17’’, o head-up display, os bancos dianteiros aquecidos, etc.

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