Os números não são tão maus como as empresas do sector temiam a meio da temporada, mas também não são tão bons como se possa pensar. As vendas no exterior aumentaram (no mercado interno ainda não há contas finais) e o sector pôde diminuir em 16 mil pipas os excedentes existentes, mas este resultado está longe de compensar as perdas dos últimos dois anos: 12,2 por cento em volume e 13,3 em valor. Por outro lado, o aumento das receitas foi bastante influenciado pela desvalorização do euro face ao dólar e à libra inglesa.
A melhor demonstração de que os resultados de 2010 são um pouco enganadores reside no facto de o preço dos vinhos da última colheita pagos pelo comércio aos produtores do Douro ter descido.
Além de haver empresas e adegas cooperativas ainda com algum vinho por vender, os negócios já realizados foram, em geral, bastante penalizadores para a lavoura.
Mesmo correndo o risco de verem as grandes cadeias de distribuição aumentar a pressão sobre o preço do vinho no consumidor final - que tem vindo a cair -, os principais grupos de vinho do Porto pagaram menos por cada pipa, fazendo reflectir nos produtores os desequilíbrios existentes.
Os receios sobre os impactos da decisão do Instituto do Vinho do Douro e Porto de autorizar em 2010 a mesma produção de vinho do Porto de 2009 - 110 mil pipas -, quando as necessidades do mercado, segundo os princípios básicos da oferta e da procura, aconselhavam a uma redução daquele montante, estão a confirmar-se. A generalidade da lavoura duriense agradeceu a manutenção do mesmo quantitativo de vinho do Porto, mas a quebra do preço por pipa pago pelo comércio e a especulação feita por muitas empresas fez evaporar os ganhos e lançar nuvens ainda mais negras sobre o sector, em particular sobre os pequenos e médios viticultores durienses.