Na região transmontana, investiu-se primeiro no azeite (os que se provaram no almoço, a par de alguns queijos de cabra, mostraram que a região já atingiu um nível de qualidade muito sério) e agora volta-se a olhar novamente para a vinha. Todos os anos surgem novos produtoresengarrafadores e o tempo em que os vinhos de Trás-os-Montes bebíveis se resumiam quase só aos Valle Pradinhos já passou.
Um dos projectos mais interessantes é a Quinta de Arcossó, perto de Vidago, e que tem como enólogo Francisco Montenegro (Aneto e Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo). Os reservas branco 2008 e tinto 2006 são vinhos altamente recomendáveis, bem feitos, com boa intensidade aromática e uma frescura que reflecte bem a textura granítica do solo. Vale a pena prestar também atenção aos tintos José Preto e Ribeira do Corço (Planalto Mirandês), Encostas do Turgão (Rebordelo, Vinhais), Trovisco (Carrazeda de Ansiães), Persistente (uma boa surpresa o tinto colheita seleccionada de 2008), Vale de Passos e Casal Faria (todos de Valpaços).
O Bastardo de Raúl Pérez ainda não está no mercado, mas, pela amostra provada, revela uma cor mais densa e uma estrutura mais tânica do que é habitual na casta. Peca por ser demasiado maduro (tem cerca de 16% de volume de álcool), embora os taninos vigorosos ajudem a contrabalançar a doçura do álcool e da fruta. Não sendo um vinho perfeito, é, pelo menos, um vinho original, que merece ser seguido com interesse.