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Um tinto para homenagear a "Ferreirinha"

Por Pedro Garcias

Em 2008, a Sogrape decidiu fazer um tinto especial para assinalar o bicentenário do nascimento de Dona Antónia Adelaide Ferreira, que se celebra este ano. Este vinho está destinado a converter-se num objecto raro e valioso, até porque não voltará a ser produzido.

A Sogrape podia ter lançado um Barca Velha ou um Reserva Especial, os seus ícones do Douro, mas optou por um vinho novo que pudesse reflectir o ambiente geográfico e simbólico da "Ferreirinha". A ideia foi fazer um D.O.C Douro à maneira de um Porto, com uvas de várias quintas da região e para durar muito tempo. O vinho vai chegar ao mercado, a um preço recomendado de venda ao público de 45 euros a garrafa (cerca de três mil).

O vinho, denominado Antónia Adelaide Ferreira, resultou de uvas das quintas da Leda, Boavista, Seixo, Caêdo e Sairrão, num lote composto por Touriga Nacional (57%), Touriga Franca (20%), vinhas velhas (20%) e Sousão (3%). Tem um teor alcoólico de 14,5% e uma acidez de 6,2 gramas por litro, coisa rara num tinto do Douro.

Estagiou dois anos em barricas novas de carvalho francês. Sem o tempo de garrafa que é dado ao Barca Velha ou ao Reserva Especial, é, por isso, impetuoso e profundo, potente e concentrado, daqueles que quase se mastigam e que pedem comidas fortes. Ressuma a Douro no aroma muito floral e frutado, bem complexado pelas notas especiadas, balsâmicas e exóticas fornecidas pela madeira.

Na boca, os taninos e a enorme acidez do vinho deixam as papilas gustativas aos saltos, num misto de rispidez e vivacidade que a fruta bem madura equilibra de forma notável. Um Douro dos antigos, intenso, marcante e longo. Já está grandioso, mas ficará certamente muito melhor com uma ou duas décadas de cave.

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