A localização é privilegiada - com acesso directo ao areal de São Pedro do Estoril -, os fins são solidários, os preços por noite são também especiais. Na segunda-feira, dia 17, a Fundação "O Século" inaugurou uma nova ala nas suas instalações, nesta praia da linha de Cascais, "destinada ao turismo social", passando a "disponibilizar alojamentos a preços acessíveis", informam.
Os novos alojamentos têm decoração única: foram decorados por "uma equipa de 17 arquitectos e decoradores que trabalhou, durante vários dias, de forma gratuita". O projecto da nova ala tem também o apoio de várias empresas e instituições, "através da cedência de peças de mobiliário/decoração ou "apadrinhando" (dando o nome) a um ou mais quartos" (da Area à Eurotel, Fundação Benfica, IKEA, Leões de Portugal, Pedro & Osório, Rioforte, Rotary Club n.º 8, SANEST ou Fundação Montepio). O objectivo: "criar meios alternativos de autofinanciamento da obra social que, através de 16 valências [entre lares de acolhimento para jovens e crianças em risco, creches, centro de actividades, loja social, serviço de apoio alimentar, etc.) apoia, diariamente, cerca de 500 pessoas".
Na nova ala, ficam disponíveis 12 suites com vista mar (e acesso reservado a zona de solário/lounge, tv, ar condicionado, casa de banho privada) e 15 quartos duplos localizados "numa das alas mais nobres do edifício".
Os preços podem variar entre os 15€ para uma ocupação single de um quarto duplo em época baixa e os 65€ em época alta se a escolha recair sobre uma das 12 suites com vista mar e acesso reservado a zona de solário. Porém, caso os seus ocupantes recorram ao estatuto de Turismo Social poderão beneficiar de um desconto de 30%, na época alta, ou de 40%, nos meses menos concorridos, explicou o presidente da organização, Emanuel Martins, que frisou o facto de estes últimos terem sempre preferência sobre os hóspedes que não necessitem de apoio social.
Para usufruir dos quartos a valores de turismo social é necessário que “[os hóspedes] venham referenciados por instituições (de jovens, de 3.ª idade…), associações, juntas de freguesia ou, caso solicitem a tarifa social individualmente, fazer prova através da declaração de IRS de uma situação económica que carece de apoio social”.
Importante ainda é o facto de qualquer hóspede poder tomar as suas refeições na fundação por 6€: “Isto quer dizer que um casal gastará por dia 26€ em alimentação”.
Segundo a fundação, a nova ala de turismo social já tem lotação esgotada para o mês de Julho e “Agosto vai pelo mesmo caminho”, adiantou Martins à Fugas.
A Colónia Balnear Infantil de "O Século" nasceu em 1927, por iniciativa de João Pereira da Rosa, director do jornal "O Século", um periódico marcante da vida portuguesa dos finais do séc. XIX e de quase todo o séc. XX, que cessou publicação há mais de três décadas. A "colónia" destinava-se a "acolher crianças carenciadas de todo o país, por períodos de 15 dias de férias (férias que de outro modo nunca teriam)". Os custos eram, então, assumidos pelo jornal, que apelava a donativos nas suas páginas. A Feira Popular de Lisboa tornar-se-ia depois a fonte de financiamento mas, após o encerramento desta e com a autarquia lisboeta a deixar de pagar em 2010 uma indeminização anual, a "colónia" interrompeu a sua missão de levar as crianças a ter férias na praia.Após três anos de paragem, a fundação - assim instituída há 15 anos e cuja obra social é muito mais vasta -, retoma a tradição das colónias de férias, que, afinal, foram a sua génese. A abertura ao turismo social de uma ala do edifício permitirá, espera a fundação, garantir mais financiamento para esta missão. "Tínhamos de conseguir, com os meios que temos, outros meios de financiamento. Deitámos mão à capacidade instalada", disse Emanuel Martins, citado pela Lusa.
Notícia actualizada a 19/06/2013