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Surfistas unidos em defesa da praia de São Torpes

Por Lusa

Praia no concelho de Sines vai ser palco, no sábado, dia 14, de uma 'manifestação simbólica'. Surfistas querem alertar para o impacto na praia e costa da expansão do terminal de contentores.

A praia de São Torpes, no concelho de Sines, vai ser palco, no sábado, de uma “manifestação simbólica” pela sua preservação, organizada por surfistas locais para alertar para o impacto da expansão do terminal de contentores.

A iniciativa está marcada para as 11h de dia 14 de Fevereiro, junto à Escola de Surf do Litoral Alentejano (ESLA), na praia de São Torpes, a sul de Sines, no distrito de Setúbal, indicou nesta quarta-feira à agência Lusa um dos responsáveis pela organização, Flávio Jorge.

Com a acção, os surfistas pretendem alertar para o “duro golpe” que a praia poderá sofrer com uma nova expansão do terminal de contentores do Porto de Sines, sendo que a terceira e quarta fases desse projecto se encontram em avaliação de impacte ambiental.

A “diminuição” da ondulação e o “possível desaparecimento do extenso areal” são os efeitos esperados pelo aumento do molhe de protecção do Terminal XXI, obra que está prevista caso a ampliação do cais daquela infraestrutura avance.

De acordo com os surfistas, após a construção do chamado molhe leste e da sua primeira ampliação, concluída em 2012, a praia de São Torpes e a prática de surf na mesma “foram afectadas”.

Em comunicado enviado à Lusa pela associação SOS - Salvem o Surf, André Teixeira, proprietário de uma escola de surf naquela praia, refere que é obrigado “a ter as portas fechadas a maior parte do ano”, uma vez que “deixou completamente de haver areia” na zona.

“Somos forçados a deslocar-nos constantemente em carrinhas para praias mais a sul, com condições muito inferiores às que a praia de São Torpes sempre me proporcionou”, afirmou o responsável, que é também presidente da Associação de Surf do Alentejo.

Recentemente, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) anunciou que a concessionária do Terminal XXI, a PSA Sines, teria decidido adiar a terceira fase de expansão, "por razões de indefinição do mercado internacional", embora "sem desistir" da mesma.

Em alternativa, a empresa iria avançar, este ano, com um investimento de 40 milhões de euros para aumentar a capacidade de movimentação anual de mercadorias em cerca de 500 mil TEU (unidade equivalente a um contentor de 20 pés), através da utilização da face noroeste do cais.

Segundo Flávio Jorge, proprietário da ESLA, os surfistas ficaram “contentes com a notícia”, pois, “não avançando para sul, [o terminal] já não danifica a praia”.

No entanto, como a “hipótese” de expansão do cais “não está posta de parte”, os responsáveis pretendem, “desde já, vincar” a sua posição, realizando a manifestação no sábado para “alertar as pessoas” para os efeitos “realmente muito prejudiciais para a praia” de uma nova ampliação daquela infraestrutura.

No final do ano passado, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) divulgou que, até ao dia 20 de Janeiro, deveria ser emitida a declaração de avaliação de impacte ambiental, que pode ser favorável, condicionalmente favorável ou desfavorável, mas, até hoje, o documento não foi disponibilizado.

A Lusa contactou hoje a APA para saber em que ponto está o processo, mas não recebeu resposta em tempo útil. Em declarações à Lusa no final de Janeiro, a APS, responsável pelo estudo de impacte ambiental realizado, informou que é previsível que a decisão “venha a ser emitida durante o primeiro trimestre de 2015”. 

O evento no Facebook: Manifestação Salvar São Torpes

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