Um sonho ou um pesadelo. Falamos de estrelas Michelin: um sonho para muitos, um pesadelo para Sébastien Bras, chef que aos 46 anos decidiu abdicar das suas três estrelas, pedindo ao Guia Michelin que não o tenha em consideração para a atribuição dos galardões em 2018.
Num vídeo publicado na sua página de Facebook, Sébastien, filho de Michel Bras, começou por citar Camille Belguise ("No silêncio e na solidão, entendemos unicamente o essencial") para explicar que decidiu dar "um novo significado à vida" profissional e pessoal e "redefenir aquilo que é essencial". O chef diz-se apaixonado pela sua profissão. Quer continuar a exercer, a partilhar os sabores da região de Aubrac (onde tem o restaurante Le Suquet, no idílico cenário de Laguiole). Quer manter esse projecto familiar, mas longe da "pressão" que tem sentido nos últimos anos devido à distinção Michelin. Sébastien Bras quer, por outro lado, continuar a cozinhar "serenamente" e que esse estado de espírito contagie os seus pratos. "Sentir-me-ei mais livre. Não terei que me preocupar se as minhas criações irão ou não agradar aos juízes Michelin", disse o chef à Agência AFP.
Antes de Sébastien Bras, outros grandes líderes abandonaram a corrida às estrelas. Em 2005, Alain Senderens, no Lucas Carton, renunciou às três estrelas que o guia lhe concedeu. Em 2006, Antoine Westermann também renunciou a essa distinção suprema, passando o seu restaurante ao filho e continuando a sua actividade noutro lugar. Em 2008, Olivier Roellinger fechou o seu restaurante três estrelas em Cancale, alegando não ter condições físicas para estar atrás dos fogões e porque queria partilhar sua cozinha "de outra forma". O próprio Joël Robuchon, em 1996, em plena glória, fechou portas (com três estrelas), invocando stress. Em Espanha, o chef Ferran Adrià fechou o restaurante de três estrelas, El Bulli, em 2010, anotando a sua incapacidade para trabalhar 15 horas por dia e a sua necessidade de recarregar baterias.