Para Catarina Portas, esta é uma forma de ajudar Lisboa a “provar ao mundo inteiro que é possível resistir a algum comércio e turismo globais que tudo trituram para tornar todas as cidades uma amálgama sem interesse, descaracterizada”. E sublinha: “Esta causa tem vindo a tornar-se central na minha vida”.
Tem a convicção de que “Lisboa pode ser uma cidade extraordinária com história, identidade, diferença, carácter, diversidade”. Daí a recente indignação, também através do Facebook, com o anúncio da abertura de mais um McDonald’s no centro do Chiado, em frente à Brasileira.
Catarina Portas, que é membro do conselho consultivo do programa da Câmara Municipal de Lisboa Lojas com História, diz não compreender a forma como se está a deixar desaparecer muitas lojas históricas. Em Fevereiro do ano passado, a autarquia anunciou o programa para a projecção das Lojas com História com o qual, disse a então vereadora da Economia e Inovação Graça Fonseca, se pretendia estancar a “sangria” do encerramento de espaços antigos. No entanto, admitiu também a vereadora, a Câmara tem “limites de intervenção muito mais fortes do que as pessoas julgam”, não podendo, por exemplo, impedir que um McDonald’s se instale num destes espaços.
No seu post, Catarina explica que quando alguma publicação destinada a turistas lhe pedir sugestões sobre locais em Lisboa, gostaria de sugerir por exemplo o “Restaurante Palmeira (fechou em Novembro para dar lugar a um projecto de alojamento turístico)”, a Mercearia Alves ou a Loja da Fábrica de Sant’Anna “em processo de despejo para dar lugar a um hotel”, mas o mais provável é ter que mandá-los para “o McDonald’s do Chiado ou o Starbucks da estação do Rossio”.
No ano passado, graças a uma iniciativa do grupo de cidadãos Fórum Cidadania Lx, nasceu o Círculo de Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa, que integra várias lojas incluindo a Casa Alves e que tem por objectivo travar a tendência de desaparecimento destes espaços e revitalizar o comércio tradicional.