Os turistas chegam e o Grupo de Metais da Banda Sinfónica da Polícia de Segurança Pública toca Lisboa Menina e Moça. Os agentes das equipas de turismo distribuem flyers em forma de sardinha em espanhol, inglês, francês ou até mesmo em mandarim. Foi com este ambiente que Guzide deixou Lisboa. Já com o flyer da sardinha da PSP na mão, diverte-se ao som da banda. Vai apanhar voo para Barcelona, antes de voltar para a Turquia. “Portugal é mesmo um país seguro. Viajámos de noite e sentimos a segurança nas ruas”, afirma. Já sobre a Turquia não pode dizer o mesmo. “A polícia tenta proteger-nos, mas não está a ser o suficiente. Queremos viajar e sentimos que são necessários mais polícias à volta dos aeroportos”, diz a turista, destacando os ataques terroristas no aeroporto de Istambul, no passado dia 28 de Junho.
Um pouco mais afastada está Zora, com uma amiga, à espera que o tempo passe até apanhar voo para a Suíça. Enquanto isso, tenta descobrir o que se está a passar. Lá percebe que é uma iniciativa de sensibilização sobre segurança e confirma que a semana que passou num apartamento no Cais do Sodré foi bastante tranquila. Aliás, foi por isso que os pais a deixaram viajar até à capital portuguesa. Também não se pode queixar da Suíça. “A segurança no meu país é do melhor. Há pouca criminalidade em comparação com outros países”, salienta. De acordo com o ranking do Global Peace Index, a Suíça é o sétimo país mais pacífico e a Turquia o 145.º. Mais à frente, só ultrapassada pela Islândia, Dinamarca, Áustria e Nova Zelândia, está Portugal como o quinto país mais pacífico do mundo. Este é um dos pontos destacados pela Polícia de Segurança Pública na apresentação do projecto Lisboa Destino Seguro 2016, que decorreu esta quinta-feira.
O lançamento foi feito no Aeroporto Humberto Delgado a seguir ao corredor da zona de chegadas. “O grande objectivo é atingirmos ainda mais o nosso público-alvo, que são os turistas”, adianta o superintendente Jorge Maurício. “Sabemos que o turismo é algo estratégico neste país e nesta cidade, por isso queremos dar mais qualidade a quem nos visita”, acrescenta. Neste dia, a missão no aeroporto é tentar chegar mais perto das pessoas e dizer-lhes que há uma Esquadra de Turismo aberta 24 horas com atendimento em inglês, francês ou espanhol. “Pretendemos que o turista volte cá, que se sinta bem. No fundo é um pouco à maneira do português que gosta e sabe receber”, afirma.
O projecto Lisboa Destino Seguro foi criado em 2014. Nesse ano, foram organizadas quatro equipas dedicadas ao turismo para actuar na rua. Os agentes seleccionados tiveram uma formação de duas semanas. Ao todo, são quatro equipas com quatro elementos, cada uma, e uma equipa com dois elementos, sendo que esta última equipa foi formada este ano. Ao todo, estão na rua 18 elementos com viaturas próprias. “Os últimos inquéritos feitos pelo observatório de turismo de Lisboa demonstram que as pessoas se sentem seguras em Lisboa”, destaca o superintendente. Ao longo destes dois anos, as situações mais frequentes tratadas pela esquadra têm sido o surto de carteiristas e a perda de documentos. Para tal, os agentes fazem o acompanhamento dos casos não só na esquadra, mas também em articulação com as embaixadas.
A acompanhar os agentes portugueses neste arranque estiveram também dois agentes da Guardia Civil espanhola. “Um turista que sinta que o polícia fala a sua língua materna sente-se muito mais à vontade”, sublinha o superintendente sobre a importância dos agentes espanhóis no acolhimento dos turistas do país vizinho.
“Bem-vindos”, é logo a frase que a agente da equipa de turismo da PSP, Filipa Castelo, diz aos turistas. Depois alerta-os para as coisas desagradáveis que podem acontecer durante a viagem que estão a fazer, nomeadamente os furtos de carteiras. Filipa circula na Baixa Pombalina, Belém e Parque das Nações há dois anos e tem visto o progresso que o projecto tem trazido à cidade, nomeadamente na detenção de carteiristas, que aumentou em 200%. “Vamos passando informações às equipas de investigação. Desta forma, conseguimos que algo seja feito”, diz Filipa.
Magda Gomes acaba de chegar de São Paulo, Brasil, e está a ouvir uma explicação para saber onde se deve dirigir se algo acontecer na sua viagem. Pela primeira vez em Portugal, organizou a jornada ao pormenor verificando os melhores lugares e trajectos. Quanto à segurança, nem se preocupou em averiguar. “A ideia que se tem no Brasil é que Portugal é um país seguro. Espero que nos tenham dito a verdade”, diz a sorrir. Quando se fala em segurança no Brasil a expressão facial até muda: “É melhor nem perguntar! Não tem”. O Brasil está no 105.º lugar na lista do Global Peace Index. Magda destaca que os “oportunistas” podem estar em qualquer lado, mas sente que a qualquer momento pode ser assaltada num aeroporto como o de Guarulhos, de onde veio. Antes de partir em descoberta pela cidade, Magda quer levar a sua primeira recordação de Portugal e tira uma selfie com a mascote da PSP, o Falco.
Texto editado por Ana Fernandes