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Vinhos Verdes harmonizam com gastronomia de todo o país

Por José Augusto Moreira

Do Minho ao Algarve, os prémios para o Concurso Vinhos Verdes e Gastronomia reflectem a evidência de que os vinhos atlânticos no Noroeste e Portugal são consumidos e apreciados em todo o país e podem combinar com as mais diversas gastronomias.

O concurso, que vai para a décima edição, premeia a harmonização com Vinho Verde e entre os vencedores há restaurantes de todo o país e conceitos diversifi cados. Do algarvio Le Marquis, de cozinha de autor com assinatura do holandês Vicent Van Dijk, ao minhoto Brasão, em Felgueiras, com pratos da mais genuína cozinha tradicional. 

E a par do cabrito assado no forno que António Carvalho, cozinheiro e proprietário do Brazão, serviu na cerimónia de entrega de prémios, também Joaquim Almeida, que cozinha e dá o nome ao Dom Joaquim, em Évora, apresentou a tradicional e popular sopa de cação com espargos verdes.

O menu ficou composto com o contributo dos outros quatro restaurantes cujas combinações foram distinguidas com medalha de ouro. Abriu o “Carpaccio de novilho, terrina de foie e ‘mostarda’ de vinho”, do Rib-Beef & Wine, o restaurante do Pestana Vintage, na Ribeira do Porto. Para o segundo momento, Vitor Matos, do Antiqvvm (Porto), preparou um “Equilíbrio Doce & Ácido”, com foie, maça e enguia fumada, enquanto o cozinheiro do Le Marquis apresentou “Lombinho de coelho” com ervilha, fava e molho de Vinho Verde tinto, e o chef António Vieira, do Wish, na Foz do Porto, serviu “Pudim Abade de Priscos” com gelado de queijo da serra e amêndoa.

E se o chef holandês do restaurante algarvio ousou claramente ao apresentar um tinto, da Quinta da Covela, já com mais de 10 anos de garrafa (2004), o panorama geral pode dizer-se que fi cou dominado por uma linha de grande conservadorismo nas harmonizações.

Com a excepção de um Alvarinho - Quinta da Pedra 2011-, usado pelo chef do Wish, e dois espumantes com algum tempo de garrafa – Miogo Reserva Bruto 2011 e QM Super Reserva 2012 – a generalidade das escolhas dos cozinheiros recaiu sobre vinhos novos, conhecidos e com reputação no mercado, com destaque para rótulos com a assinatura de Anselmo Mendes ou valores seguros como Soalheiro e Covela.

Ou seja, não arriscaram com vinhos e perfi s diferenciados, diferentes expressões do território ou interpretações ousadas, que convencem pela surpresa e são, afinal, a essência deste tipo de iniciativas. E há tanta coisa diferenciada a surgir na região dos Verdes!

Quanto à região, que acaba de assinalar os 108 anos da sua instituição, as vendas não param de crescer e o presidente da Comissão de Viticultura, Manuel Pinheiro, mostrouse convencido que a próximo ano pode ser histórico: pela primeira vez mais de metade da produção deverá ter como destino os mercados e exportação.

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