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China constrói nova réplica de Titanic

Por Fugas

Navio será construído a 1200km do mar e não se destina a navegar.

A China é o maior construtor naval do mundo. Mas a réplica do Titanic, cujo início de construção foi anunciado no último dia de Novembro, não conta para esse estatuto de líder na indústria naval. Isto porque o #NewTitanic entrará nas contas como um empreendimento turístico, construído a 1200km de distância do mar e que nunca saberá o que é zarpar, porque, ao contrário do original, que se afundou há mais de 100 anos, ficará permanentemente ancorado no rio Qijiang.

Com 269 metros de comprimento e 28 metros de largura, a réplica será construída no sudoeste da China, na província de Sichuan, a duas horas e meia de voo de Pequim (ou 1800km por estrada). Será paga pelo Star Energy Investment Group, que explora negócios ligados à energia, num leque bastante vasto de linhas de negócio. A apoiar o projecto está uma entidade que promove relações comerciais entre chineses e britânicos, liderado por Peter Mandelson, antigo comissário europeu e antigo director de campanha de Tony Blair.

Mandelson esteve em Sichuan, no anúncio do arranque da construção. “É um projecto grandioso”, terá dito, segundo declarações citadas pelo Guardian. Líder do China-Britain Business Council, Mandelson começou como director de comunicação do partido Labour, em 1985, mas nos anos 1990 enveredou pela carreira política. Em 1997, foi o director de campanha de Tony Blair. Entre 2004 e 2008, foi comissário europeu do comércio.  

A factura do #NewTitanic ascende a mil milhões de yuans – o equivalente a 136 milhões de euros. Por dentro e por fora, a embarcação pretende recuperar o traçado original do navio cruzeiro tristemente famoso por se ter afundado na primeira viagem, na madrugada de 15 de Abril de 1912, depois de embater num icebergue. Preço da tragédia na altura: mais de 1500 mortos e um lugar na história dos desastres marítimos.

Como exemplo, o salão de banquetes e as cabinas dos passageiros de primeira serão idênticas ao RMS Titanic que, cinco dias antes de se afundar no Atlântico Norte, saíra de Southampton, em Inglaterra, rumo a Nova Iorque, com 2223 pessoas a bordo, incluindo passageiros e tripulação total de 908 pessoas.

O projecto de um resort baseado num acidente trágico suscitou críticas. A Reuters cita os promotores do projecto dizendo que o empreendimento também se vai inspirar no filme de 1997, Titanic, realizado por James Cameron, com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. E poderá oferecer aos visitantes uma simulação do choque do Titanic contra o icebergue que o levou a afundar-se.

“O Titanic é um valor universal”, afirma o presidente executivo do grupo investidor, Su Shaojun, de certa forma reagindo a algumas críticas feitas ao projecto. “Não há nenhum país que seja dono [do Titanic]. Tal como os americanos podem fazer filmes sobre Jung Fu, para a China o Titanic é um valor universal”, refere.

O produtor de Hollywood Curtis Schnell, que está a trabalhar com o grupo chinês neste projecto, também rejeita as críticas de quem aponta para o facto de um evento trágico, que matou mais de dois terços dos passageiros do Titanic, estar a ser aproveitado para fins turísticos. O projecto, disse Schnell, trata o acontecimento “com muito respeito. “Estamos a tentar ser muito precisos. Não vamos construir todas as cabinas, mas o casco do navio e o exterior será muito fiel”, disse o produtor, também citado pela Reuters.

Foi necessário algum tempo para conseguir reunir as plantas do navio, porque muitas foram parar às mãos de coleccionadores. "Depois de o RMS Titanic se ter afundado, ninguém viu o seu conjunto completo de plantas”, diz Su Shaojun. No entanto, foi possível reunir boa parte dos modelos originais.

O planeamento do projecto começou há dois anos e juntou técnicos e desenhadores dos EUA, Reino Unido e da Wuchang Shipyard, responsável pela construção da réplica.

O investidor chinês não é o primeiro a enveredar pela recriação do navio cruzeiro naufragado. O magnata australiano Clive Palmer tem previsto o lançamento de Titanic II, que, ao contrário do original, terá um sistema de evacuação moderno, para 2018.

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