Coimbra passa a ter mais um espaço para visitar. O Seminário Maior, um edifício que começou a ser construído há 250 anos e que até 2012 servia para a formação de padres, abre as portas ao público.
A cidade tem assim “um tesouro muito desconhecido, mas muito bonito”, de arquitectura italiana, destacou o reitor do seminário da diocese de Coimbra, Padre Nuno Santos, durante a conferência de imprensa de apresentação da abertura do monumento, esta terça-feira.
“Abrimos as portas para dar a conhecer a todos a nossa missão, a nossa história, o nosso património, e permitir que outros usufruam desta riqueza humana, artística e espiritual”, disse o padre Nuno Santos sobre o edifício construído ao pé do Jardim Botânico, na Alta da cidade.
Logo à entrada, mesmo antes da recepção, passando a porta principal, uma outra porta de madeira preciosa, madrepérola e marfim que veio de Génova, dá pistas para o que se poderá ver lá dentro.
Ao todo são oito os espaços que podem ser visitados: o refeitório, duas escadas em caracol, a capela de São Miguel, os aposentos episcopais, a varanda do Mondego, a biblioteca velha, a sala dos azulejos e a Igreja da Sagrada Família. Durante o percurso, os visitantes poderão encontrar relíquias de santos, salas ornamentadas e uma igreja ricamente adornada, com um órgão espanhol do século XVIII com 1500 tubos.
A biblioteca tem mais de nove mil volumes, publicados entre 1500 a 1800, sobre temas que vão do direito à teologia, passando pela história e literatura. Há também um livro de contos eróticos.
O Seminário Maior vai estar aberto de segunda a sábado e apenas a visitas guiadas, que se realizam nove vezes por dia, sendo que cada grupo tem a composição máxima de 25 pessoas. Cada percurso leva cerca de 50 minutos e está disponível em português, inglês, francês e espanhol.
Também por isso, apesar da abertura de parte dos espaços, ficam outros por mostrar. O responsável dá o exemplo do Museu Monsenhor Nunes Pereira (com mais de 15 mil peças), que “ainda não está totalmente integrado no processo”. A casa das talhas, o matadouro, algumas capelas, um acervo de história natural também não poderão ser, para já, visitados pelo público.
A diocese investiu 50 mil euros para abrir as portas do Seminário e o reitor espera que, numa primeira fase, três mil pessoas por mês visitem o espaço. A gestão da operação é feita em conjunto com o Grupo Gala, que fica com 40% da receita de bilheteira.
O padre Nuno Santos diz que, no fundo, a possibilidade de as pessoas poderem visitar o Seminário é um “convite” a “entrar numa casa habitada”. Isto porque o edifício continua a ser a morada de 12 pessoas. Apesar de já não servir como espaço de formação de padres, o complexo continua a ser espaço de educação, com uma escola de teologia e uma escola de música sacra. Outros dos aspectos que quer preservar é a possibilidade de continuar a “oferecer espaços para quem queira meditar”, “um oásis de silêncio no meio da cidade”.
Ajudar a fixar turistas
O presidente do Turismo do Centro de Portugal, Pedro Machado, fala da importância de “tirar partido do nosso património e colocá-lo à disposição turística”. Esta, defende, é também uma forma de assegurar a sua preservação. “Está aqui uma reserva absolutamente extraordinária, quer do ponto de vista arquitectónico, quer do ponto de vista do acervo."