Uma start-up portuguesa acaba de lançar uma aplicação móvel que pretende ligar os turistas aos habitantes das cidades visitadas da “maneira mais simples e imediata possível”: um chat online. A ideia é que “em cerca de dois ou três minutos se consiga falar com um local que pode dar dicas sobre a cidade”, indica André Dias, um dos fundadores da SnapCity. O viajante recebe conselhos privilegiados rapidamente e sem ter de recorrer a infindáveis pesquisas ou guias profissionais. O habitante partilha os seus conhecimentos sobre a cidade e, no final, pode receber uma gorjeta.
A gratificação não é obrigatória – cabe a cada turista decidir se quer agradecer monetariamente ao habitante pela ajuda. Mas cada gorjeta pode ir até 50€ e é parte importante do conceito da app lançada oficialmente a 17 de Julho. Os valores entregues (turistas) ou acumulados (habitantes) ficam visíveis no perfil de cada um e são um dos elementos integrados no sistema para ajudar a “filtrar quem são os bons e os maus” utilizadores (além das classificações e comentários, obrigatórios no final de cada chat). São também, para já, a única fonte de receita da empresa: a SnapCity fica com uma comissão de 30% sobre cada gorjeta.
A ideia surgiu numa viagem à Ásia, em Janeiro de 2016. André Dias não é adepto de guias nem de livros de viagem e as pesquisas na Internet devolveram-lhe “centenas de sites”. A solução que encontrou foi usar o Tinder para pedir dicas a pessoas locais. “Não é propriamente o intuito da aplicação, que tem muito uma conotação de engate, mas dessa vez usámo-la para falar com locais e perguntar-lhes onde ir jantar, o que ver, como ir para os sítios ou o que não fazer, etc.”, recorda. Porque não criar, então, uma aplicação sem essa conotação e que permitisse ligar habitantes e turistas de uma forma simples e imediata, como um chat online, para obter conselhos de viagem?
A ideia fez-se start-up quando regressou a Portugal com o apoio de Manuel Figueiredo, antigo colega da faculdade e amigo, “com quem já tinha tido algumas ideias de negócio”. Aos dois co-fundadores, de 37 e 38 anos, respectivamente, formados em Engenharia e Gestão Industrial, juntaram-se três recém-licenciados em Engenharia Informática: João Dias, Miguel Amaral e Jorge Veiga, os três com 22 anos, a quem cabe o “desenvolvimento da aplicação”.
Mas como funciona, afinal, a app portuguesa? O turista escolhe uma das cidades disponíveis e faz o pedido (“damos algumas sugestões mas pode perguntar o que quiser”). Nesse momento, todos os habitantes inscritos nessa cidade, e que durante o registo indicaram ser especialistas naquele tópico, recebem uma notificação. Quem achar que consegue ajudar o turista, aceita. O viajante recebe depois indicação sobre quem está disposto a ajudá-lo, escolhe com que deseja falar e abre-se uma janela de chat. No final, avalia a qualidade da dica e decide se quer deixar uma gorjeta.
Em duas semanas, a aplicação móvel foi descarregada “mais de 2500” vezes e “ajudou cerca de uma centena de turistas”. Mas o que tem surpreendido mais a equipa é o número de portugueses dispostos a dar dicas e conselhos. “Não esperávamos tanta adesão dos locals”, confessa André Dias. Têm “600 registados em Lisboa e 250 no Porto”, as duas cidades com que estrearam a aplicação, para já apenas disponível para smartphones com sistema Android. A versão para iOS deverá ser lançada no “último trimestre” do ano.