O vinho tinto Duas Quintas Reserva nasceu apenas em 1991 e já é um clássico. O ano de estreia foi auspicioso e revelou um vinho denso e volumoso mas ao mesmo tempo elegante e, viu-se depois, com grande capacidade de envelhecimento. A colheita de 1992 foi ainda mais prodigiosa e colocou o Duas Quintas na ribalta.
Desde então, a casa Ramos Pinto foi lançando reserva atrás de reserva com o mesmo padrão de qualidade e a um preço mais do que sensato. Pelo meio, colheitas como as 1994, 1997, 2000 e 2003, todas formidáveis, colocaram definitivamente o Duas Quintas Reserva no grupo dos melhores vinhos do Douro e do país.
Dentro de alguns anos, quando se fizer o balanço das primeiras décadas deste vinho, irá falar-se certamente de uma outra colheita emblemática: a de 2007. É já considerado um dos melhores anos desta década e no Douro Superior, de onde provém o Duas Quintas, as condições climatéricas foram as ideais, com muita chuva no Inverno e temperaturas amenas no Verão e no Outono, o que permitiu uma maturação perfeita das uvas.
Naquela sub-região duriense, a inclemência do Verão e a falta de água no solo são os principais desafios dos produtores. Para contornar o factor climático, a Ramos Pinto suaviza a madureza das uvas da Quinta de Ervamoira, situada mesmo junto ao rio Côa, com a frescura das uvas da Quinta dos Bons Ares, situada na freguesia da Touça, no mesmo concelho (Foz Côa) mas a 600 metros de altitude.
Mais do que qualquer outro, este Duas Quintas Reserva 2007 mostra bem a sua dupla proveniência. A começar pelo aroma, onde sobressaem os frutos vermelhos bem maduros (cerejas, ameixas, morangos), as especiarias, o chocolate e algum balsâmico. O vinho tem 15% de álcool, mas não denota esse volume no nariz. Na boca também não. O primeiro impacto confirma a densidade e o volume que se pressente na cor retinta do vinho. É uma entrada gloriosa, cheia de vigor e elegância e que réplica as coisas boas do aroma, suportadas numa estrutura de taninos firme e aveludada. O final é muito fresco e comprido, deixando um rasto de volúpia e sapidez admiráveis.
Um vinho poderoso e cativante que também conquistou o júri do último concurso internacional Mundus Vinis, realizado na Alemanha, o qual distinguiu o Duas Quintas Reserva 2007 com a grande medalha de ouro, considerando-o o melhor vinho da Europa, de entre os milhares de vinhos presentes no certame.