Dia 10 de Março, jantar na Quinta das Lágrimas, sem o romantismo do lugar e da visão sobre a cidade de Coimbra mas com o charme que ressuma da patine da ala mais antiga do hotel. Cerca de três dezenas de convidados à volta da sala onde primeiro se serviam os pequenos-almoços e dos pratos que o chefe Albano Lourenço, uma estrela Michelin, preparou para acompanhar colheitas recentes dos produtores Álvaro de Castro (Dão) e Domingos Alves de Sousa (Douro). Proposta da garrafeira Dom Vinho e da distr
Os primeiros holofotes da noite incidiram sobre o Andresen Porto Branco 2010 e o espumante Aplauso Bruto Colheita Seleccionada 2007. O primeiro é um vinho histórico, porque foi o primeiro Porto Branco 10 anos a ser lançado no mercado. Como aperitivo ou a acompanhar certas entradas, é uma coisa séria. O espumante também. Feito por três amigos bairradinos com ligações à música, tem mais do que a frescura típica da Bairrada: tem finesse, elegância e uma boa complexidade. Merece palmas.
O melhor veio a seguir. Do Tapadinha TTT 2008, de Alves de Sousa, já se escreveu aqui. É um vinho proveniente da nova quinta da família, situada no Cima-Corgo, já perto do Pinhão, e que reconcilia o produtor com a casta Touriga Franca, responsável por 90 por cento do lote. Sedutor e guloso, é pena que custe tanto: 30 euros. Mais em conta, e sem ser de qualidade inferior — não cativa tanto à partida, mas talvez seja até mais complexo —, é o Tapadinha Grande Reserva 2007 (17 euros).
Antes, provaram-se os novos vinhos que Álvaro de Castro produziu para a Lusovini: o Quinta de Pinhanços Altitude TT 2007 e o Quinta de Pinhanços Altitude Branco 2009. O primeiro é um grande vinho tinto do Dão, fresco e amplo, elegante e complexo; o segundo é um branco que mostra o melhor da casta Encruzado e revela bem o potencial daquela região para a produção de grandes vinhos brancos. É o nosso destaque desta semana.
Álvaro de Castro já tinha um grande branco no seu portfolio: o Primus, topo de gama do produtor oriundo da Quinta de Pellada. Agora concebeu um novo topo de gama para a Quinta de Pinhanços, situada junto a Seia e mais infl uenciada pelos ares frios da serra da Estrela. Feito exclusivamente com uvas de Encruzado, o Altitude Branco 2009 é um vinho de casta e de terroir. Não passou pela madeira.
Todo o trabalho foi feito em inox e, no entanto, o vinho revela uma textura e uma complexidade admiráveis. Mas o que impressiona mais é a sua pureza e a sua frescura, muito mineral. O aroma remete-nos para os pomares de citrinos e de outras frutas brancas, muito cá da terra, sem influências tropicais. Bebe-se e não se esquece. Um belíssimo branco. P.G.