Rita Marques Ferreira foi feliz no estágio que realizou na Nova Zelândia, apreciou a abertura dos produtores neozelandeses, gostou menos da tendência de muitos para a industrialização e confirmou o enorme potencial da região de Marlborough para a produção de vinhos da casta Sauvignon Blanc, que encontrou ali a sua segunda pátria, depois do vale do Loire, na França.
No ano passado, já com o traquejo de algumas vindimas no Douro e a boa aceitação dos vinhos que foi criando, regressou à Nova Zelândia para fazer um vinho de Sauvignon Blanc à sua maneira. Foi a sua primeira aventura como enóloga/engarrafadora no chamado Novo Mundo do vinho.
Rita tem apenas 28 anos e vai este ano repetir a experiência na África do Sul (onde também já estagiou), mas desta vez com um tinto.
Aproveitando a fase de hibernação das vinhas durienses e a diferença de estações entre Portugal e a Nova Zelândia, a criadora das marcas Conceito e Contraste voou para o outro lado do mundo para cumprir um desejo que nasceu durante a sua primeira visita àquele país do Pacífico.
Produziu 25 mil garrafas e saiu-se bem.
O vinho, que já está à venda em Portugal, tem a frescura verde e a tropicalidade aromática típicas dos Sauvignon Blanc neozelandeses, mas na boca é mais Velho Mundo. Rita trabalhou bem o vinho, nomeadamente com recurso à batonnage (batimento das borras finas), tornando-o mais estruturado, untuoso e cativante.
Se no nariz se distingue pela exuberância, no palato revela-se bastante mineral e fresco, apresentando uma bela textura e um bom balanço entre a acidez, a fruta e o álcool. Parece um vinho saído da terra, com uma frescura e uma fruta muito puras. Se fosse um pouquinho menos tropical no aroma, não se perdia nada. Mas, para muitos consumidores, essa será certamente a sua principal virtude.
O preço a que está a ser vendido nas lojas El Corte Inglés, 19 euros, é um pouco elevado. Por vontade da enóloga, custaria menos. Um valor nunca superior aos 15 euros seria o mais ajustado. P.G.