A aventura agrícola da família de Gabriel Francisco começou em 1970, com a compra da Herdade do Menir, em Montemor-o-Novo, mas o primeiro vinho, sob a marca Couteiro-mor, só foi produzido em 1991, já a empresa tinha passado para a posse dos filhos e actuais proprietários. Desde então, a sociedade familiar foi adquirindo novas herdades e actualmente possui uma área agrícola de 165,5 hectares, dos quais 121 são de vinha.
O que começou por ser um investimento meio romântico transformou-se numa coisa mais séria. Em 2002, a empresa deu um novo salto com a produção do muito premiado vinho Vale de Ancho, que passou a ser o topo de gama da casa. Em 2009, os irmãos Gabriel Francisco Dias, Maria Lucília e Maria José deram uma nova guinada, abrindo uma frente mais internacional para alguns dos seus vinhos. Nascia, assim, a marca Ouzado, destinada a vinhos feitos também com castas internacionais e com o recurso a "opções de vinificação incomuns", nas palavras da própria empresa. No início de 2010, a consultoria vitivinícola passou a ser assegurada por Anselmo Mendes e Diogo Lopes.
É provável que Anselmo Mendes, um dos mais conceituados enólogos nacionais, tenha já participado na elaboração do lote final deste Ouzado Branco 2009. Mas, mesmo que não tenha contado já com o seu dedo, a aposta numa associação de Arinto, Antão Vaz e Chardonnay é prometedora. O vinho passou seis meses em barrica de carvalho francês com batonnage (batimento das borras finas) e esse contacto nota-se bem no aroma e no palato, onde é evidente um agradável toque de manteiga. Esta particularidade do Chardonnay quando estagia em madeira dá volume ao vinho e torna-o sedoso, como acontece neste caso. A este lado mais glicerinado, o Ouzado junta também a frescura cítrica e a doçura exótica do Arinto e do Antão Vaz, num registo encantador.
A madeira surge muito bem integrada e balanceada por uma acidez final incisiva, que dá tensão e nervo ao vinho. Uma boa estreia. P.G.