A diferenciação começou com os Alvarinho, nomeadamente através da Quinta do Soalheiro, que terá sido a primeira a engarrafar Alvarinho extreme. Mas agora já se encontram inúmeros vinhos de Loureiro, Trajadura, Avesso, Pedernã (ou Arinto), Espadeiro e até Vinhão, esse tinto carrascão que os minhotos bebem regularmente mas que, fora da região, continua a causar arrepios na boca (claro que há excepções). A região está a modernizar-se e a produzir vinhos cada vez melhor, e isso é o que interessa. Castas como o Loureiro, que teve a sua travessia do deserto, voltam a estar na moda e o Alvarinho confirma ano após ano que é uma das melhores variedades brancas do país, revelando uma notável capacidade de evolução, contrariando a ideia de que o vinho verde é para beber jovem (daí o nome). A maioria deve ser consumida depressa, mas há muitos que podem ser esquecidos na cave durante anos sem qualquer problema. Este Dona Paterna Alvarinho 2010 pode ser um deles. Tem um bom volume alcoólico (13%) e uma acidez excelente, condições essenciais para uma boa evolução futura. Proveniente de Paderne, no concelho de Melgaço, é um vinho cheio de delicadeza e frescura. O aroma ressuma a Minho, na sua fresquidão cítrica, e a prova de boca mostra-nos um vinho com um bom volume, boa fruta e uma mineralidade excitante. Termina em crescendo, graças a uma belíssima acidez. Para nosso prazer, não repete a receita tropical de alguns Alvarinho. Quem gostar de xaropes, tem coisas mais baratas no supermercado. Pedro Garcias