Um branco muito gastronómico
O branco Cottas 2010, do produtor Pedro Carmo, ex-accionista da Sogrape, é um vinho proveniente da aldeia de Cotas, mesmo nos píncaros do concelho de Alijó. Pode dizer-se que nasce nas cotas altas do Douro, onde as uvas amadurecem mais tarde e conservam melhor a acidez natural.
O lote de castas utilizado é o mais genuíno da região: Rabigato, Viosinho, Arinto, Gouveio e Códega do Larinho. Cinco variedades que combinam mineralidade com volume alcoólico, fruta ácida com fruta madura, fresquidão com calor, magreza de corpo com textura gorda. O aroma evoca citrinos e frutas brancas, num registo cheio de frescura que sofre um hiato no primeiro ataque de boca. O que sobressai são sensações mais quentes, de fruta doce e atempada e um cheirinho de madeira, que enchem o palato. Mas, no final, a boa acidez do vinho volta a mostrar-se de forma deliciosa, devolvendo-nos o prazer da frescura, como se tivéssemos acabado de engolir bolhas finas de champanhe.
Não sendo supercomplexo e sofisticado, nem tão estruturado como o excelente Cottas Reserva, que fermenta em barricas, é um vinho de muito bom recorte; e retrata bem o carácter e potencial dos brancos de altitude do Douro. Além do mais, tem uma excelente vocação gastronómica, acompanhando bem pratos de peixe e de carne.
Pedro Garcias