Um novo e belíssimo vinho do Douro. Andreza. Vale a pena fixar este nome. É um novo vinho do Douro, um grande reserva, branco e tinto, da empresa Lua Cheia Em Vinhas Velhas, criada pelos enólogos João Silva e Sousa, Francisco Batista e o empresário Manuel Dias, proprietário da Sociedade Abastecedora de Barcos e Navios de Aveiro.
O grupo já possuía os vinhos Lua Cheia em Vinhas Velhas e Colleja. Andreza é o topo e gama. O nome, tal como o do Colleja, foi retirado do velho mapa do Douro do Barão de Forrester, que, na cartografi a do rio, identificava a “Volta da Andreza”, perto da foz do Sabor, por sinal uma das mais bonitas de todo o percurso. O vinho é apresentado como “um tributo ao rio Douro e à sua diversidade”, reflectida na proveniência das uvas. As uvas de Touriga Nacional vieram de Tabuaço e as de Touriga Franca de Murça, onde o vinho foi produzido.
A imagem da garrafa tem nobreza e inspira confiança e o vinho não a desmerece, bem pelo contrário. O ano de 2009 foi muito quente no Douro, sobretudo em comparação com as colheitas de 2008 e 2007, das mais frescas da década passada. Mas a matriz montanhosa da região e a riqueza de exposições permitem obter sempre vinhos equilibrados e com boa frescura. É o caso deste
Andreza Grande Reserva. Não tem uma acidez marcante, mas possui a fresquidão necessária face aos 14% de álcool. O que sobressai é a marca mediterrânica dos grandes vinhos do Douro: a fruta madura do pomar e do bosque, as fragrâncias balsâmicas e quentes do mato rasteiro, o calor do sol, a amenidade das noites de Verão.
É um vinho de geografia sentimental clara, muito bem refinado pelo estágio em barrica nova, que acrescentou à doçura da fruta notas ligeiramente picantes e sugestões deliciosas de chocolate. A marca da madeira ainda é um pouco notória, sobretudo na boca, mas não é nada que incomode e que mais algum tempo em garrafa não resolva.
Não é seda pura, mas também não deixa a boca cheia de rugas. Tem raça sem ser bruto. Possui feições nobres e altivas, mas não esconde a dureza da terra de onde vem. É, em resumo, um Douro sem maquilhagens, um belíssimo vinho que vale mesmo a pena conhecer. Ainda mais porque tem um preço muito sensato. (Pedro Garcias)