Lado a lado com montados de sobro e olivais, persistem bosques de carvalhos e castanheiros, pinhais, hortas e vinhas. É um lugar fértil e fresco e onde se faz viticultura a cerca de 600 metros de altitude. Para o Alentejo, é quase como um oásis, um sopro de frescura no meio da canícula da planície.
Todos os enólogos sonham com uma terra assim, onde as uvas conseguem amadurecer bem sem perderem os ácidos que vão deixar os vinhos mais frescos e apetecíveis. Nesta espécie de terra prometida, têm vindo a nascer nos últimos anos novos projectos vinícolas. Um dos mais recentes chama-se Terrenus Veritae, com sede e vinhas precisamente na freguesia de Alegrete.
Os primeiros vinhos, assinados por Paolo Fiuza Nigra, foram lançados recentemente. Chamam-se Folha do Meio. A gama que chegou ao mercado inclui um colheita branco de 2010, um colheita tinto de 2008 e um reserva tinto de 2008. A produção total ronda as 45 mil garrafas. Provámos o reserva, proveniente de uma vinha de oito hectares situada entre os 500 e os 550 metros de altitude, em terrenos de xisto.
O vinho passou 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Lote de Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet e Aragonês, é bastante expressivo e maduro de aroma, com muitas sugestões de fruta bem atempada e toque discreto de madeira. Não sendo muito concentrado e extraído, possui um bom lastro e taninos de boa envergadura, que lhe dão solidez.
Mas o que impressiona mais é a sua fresquidão, que equilibra bem os 14,5% de álcool e torna a prova muito atractiva. Num registo que privilegia a elegância à potência, é um vinho a que apetece voltar, por ser tão fresco e tão gastronómico. Parece que mimetiza a frescura e o viço da serra de São Mamede. Não está feito para ganhar concursos, mas sim para conquistar consumidores. E o preço até ajuda.
(Pedro Garcias)