Joe Berardo entrou no mundo do vinho como um epítome nacional do americano Roberto Mondavi, mas a crise e alguns investimentos menos felizes inviabilizaram o sonho de cotar o seu grupo vinícola em bolsa.
Mesmo assim, o empresário ainda não desistiu de nenhum dos investimentos vitivinícolas que fez antes do tumulto financeiro mundial. O conjunto de marcas que possui é imenso. Muitas das referências herdou-as com a compra da Bacalhôa e da Aliança, mas algumas foram criadas por si.
É o caso deste Berardo Reserva familiar Tinto 2007. O vinho foi lançado pela primeira vez em 2005. É engarrafado em magnuns (1,5 litros) e vem acompanhado de uma embalagem imponente e luxuosa. Cada garrafa custa 200 euros. Não há uma grande história por trás deste vinho, apresentado como algo raro e exclusivo. Ele espelha, no entanto, a paixão e o pragmatismo comercial do empresário.
O Berardo Reserva Familiar é um lote da melhor casta tinta portuguesa, a Touriga Nacional, com a mais famosa casta tinta internacional, o Cabernet Sauvignon. A ideia, explica a empresa, foi reunir a “sensibilidade e intuição” da primeira com a “força e longevidade” da segunda. As uvas que deram origem ao lote final são provenientes de vinhas situadas no perímetro da serra da Arrábida, na península de Setúbal.
Vinho de fino recorte, causa um grande impacto logo no aroma, muito vivo e fresco, com a fruta vermelha a dominar um espectro onde cabem ainda sugestões florais e vegetais, alguma especiaria e um toque de tosta.
Na boca, mostra igualmente boa fruta, uma estrutura tânica vigorosa mas cheia de finesse e uma acidez bem balizada.
Parece certinho de mais, o oposto do próprio Joe Berardo, mas engana. De qualquer forma, é melhor nascer direito do que torto.