Os anos menos produtivos no Douro costumam ser os melhores em termos de qualidade. A colheita de 2012 promete confirmar essa regra. Ainda não há números oficiais, mas tudo aponta para uma quebra de produção superior a 20% em relação ao ano anterior.
Um desvio colossal face às previsões iniciais avançadas pela ADVID- Associação de Desenvolvimento da Viticultura do Douro, que apontava para um aumento da ordem dos 20%.
O ano foi muito seco e a incidência de doenças muito baixo. As chuvas esporádicas das últimas semanas foram recebidas como uma bênção, pois ajudaram a reduzir o stress hídrico das videiras. As chuvas beneficiaram, acima de tudo, os vinhos DOC Douro, mas as condições gerais do ano vitícola também foram muito favoráveis para o vinho do Porto.
Não é certo, porém, que estejamos perante mais um ano vintage, em que a maioria das companhias do sector declara Porto Vintage clássico, engarrafando com as suas marcas principais a partir de uvas de várias quintas.
O mais provável é que a declaração recaia sobre a colheita de 2011, que originou vinhos mais densos e encorpados. Os vinhos de 2012 são mais frutados e frescos. No mínimo, haverá muitos Single Quinta (vintages engarrafados com uvas de uma só propriedade), como aconteceu com a colheita de 2010.
Deste ano, o grupo Symington, por exemplo, lançou, entre outros, o Dow’s Quinta Senhora da Ribeira e o Quinta do Vesúvio. Apesar de separadas apenas pelo rio, as duas propriedades produzem vinhos muito diferentes: mais austeros e tensos, os da primeira; mais refinados e elegantes, os da segunda. Em 2010 isso ficou mais uma vez evidente.
Dos dois, o que nesta fase já se apresenta (e bebe) melhor é o Quinta do Vesúvio. Complexo e intenso, ressuma a fruta do bosque e as fragrâncias mediterrânicas, inundando a boca de sensações picantes e frescas. Um colosso de veludo.