Das colheitas mais recentes, os tintos DOC Douro mais frescos e, na nossa opinião, mais interessantes são os de 2008 e 2010 — anos maus para Porto vintage. Mas não é isso que dizem as classificações atribuídas pelos principais críticos nacionais e internacionais.
Os tintos durienses mais pontuados nos últimos anos têm sido os de 2007 (um grande ano vintage) e 2009 (muito bom também para algumas companhias de vinho do Porto). É possível que aconteça o mesmo com 2011, uma extraordinária e histórica colheita para o vinho do Porto.
A avaliar pelas marcas que já estão no mercado, os tintos DOC Douro de 2011 parecem situar-se no mesmo patamar dos de 2009. São vinhos muito ricos de aroma e paladar e que impressionam pela cor, densidade e robustez. Mesmo em novos, provocam grande impacto no consumidor. Porém, sofrem do mesmo mal dos de 2009: algum excesso de madureza e de álcool. A tendência mundial de consumo começa a privilegiar os vinhos mais elegantes e menos alcoólicos. A maioria dos críticos do sector também é isso que apregoa, apesar de muitos deles, ironicamente, continuarem a pontuar os vinhos mais encorpados e maduros, como é o caso de Mark Squires, o estranho e pouco consensual provador de Robert Parker para Portugal.
É por isso que ficamos desconcertados quando deparamos com um vinho como o Brites Aguiar 2011, o topo de gama deste produtor do concelho de S. João da Pesqueira. Produzido só em anos especiais, é um vinho imponente, cheio de fruta
madura e bastante apimentado, com uma grande mas sedosa estrutura tânica e um perfil gustativo muitíssimo atraente. Bebe-se um copo e até somos capazes de soltar um “bruá”, bebe-se outro e, pelo menos nós, já começamos a torcer o nariz. Os seus 15,5% de álcool, por muito bem integrados que estejam, não convidam a repetições. Mas as outras cinco ou seis pessoas que também provaram o vinho connosco adoraram-no e não o acharam nada pesado.