Há já alguns anos que a Fugas tem dado conta de uma pequena quinta do Dão que recusa concessões a uma certa modernidade (a que considera indispensável a passagem pela madeira para obter mais complexidade) e segue o seu caminho com determinação.
A Quinta do Escudial tornou-se assim num baluarte de uma certa identidade regional, produzindo vinhos com arestas, por vezes com alguma rusticidade, sem cair nas amarras da enologia politicamente correcta mas, ao mesmo tempo, sem descurar as inovações que a ciência na vinha e na adega nos trouxeram. Se não houvesse outras razões, bastava esta fidelidade a princípios para que a Quinta do Escudial se tornasse um projecto de culto.
Mas há outras razões, e bem mais atendíveis, para que se eleve o reconhecimento deste projecto baseado na zona de Seia, onde dispõe de uma vinha velha com cerca de três hectares e uma vinha mais recente, com a mesma área. É que os vinhos deste pequeno produtor são de facto muito interessantes. Daquele tipo de vinhos que mostram o que valem à mesa. O seu branco é vibrante na sua acidez, o seu Vinhas Velhas é um magnífico exemplar da excelência do Dão e o Touriga Nacional é um prodígio de intensidade aromática e na estrutura e uma festa para os sentidos pela excelência da sua fruta.
É dado por adquirido que é no Dão que se produzem os monocasta de Touriga Nacional mais completos e este Escudial dá para perceber porquê. É um vinho com um aroma extraordinário de rosmaninho, violeta e framboesa, com uma estrutura de taninos de boa envergadura e com uma enorme complexidade.
Proveniente de vinhas com mais de 60 anos, este Touriga revela a casta porta-bandeira nacional em todo o seu esplendor, criando um vinho que já pode (deve) ser sorvido e meditado longa e lentamente, mas que ganhará outra dimensão com mais uns anos de garrafeira. Manuel