O Cabernet Sauvignon continua a ser a grande casta tinta do mundo, mas a variedade da moda, sobretudo no chamado “Novo Mundo” do vinho, chama-se Petit Verdot. Enquanto em Bordéus, onde talvez seja mais antiga do que o Cabernet Sauvignon, foi perdendo protagonismo até como vinho de lote (sempre foi esse o seu principal papel, devido à sua riqueza de cor e potência), em países como Chile, Argentina e Austrália, por exemplo, tem vindo a expandir-se e a ganhar vida própria.
Em Portugal, em particular nas regiões do Alentejo e de Lisboa, também se assiste a uma corrida ao Petit Verdot. No Alentejo não deixa de ser compreensível: o clima da região pede castas que resistam ao calor e possuam boa frescura natural e o Petit Verdot responde na perfeição a essa necessidade. O seu problema em Bordéus é amadurecer tarde e mal. Na região de Lisboa, as condições são um pouco mais exigentes, devido à proximidade do Atlântico, mas aqui é decisiva a escolha de terrenos bem drenados e soalheiros.
Será o caso da vinha de onde vem este Quinta do Gradil Petit Verdot 2012, que é uma grande ousadia, porque, além de novo, é feito de uma casta que precisa do conforto da madeira para suavizar o seu verdor e mostrar todo o seu potencial, e o programa dos enólogos António Ventura e Vera Moreira foi bem diferente: vinificação em cuba de inox e estágio em garrafa. Ao seguirem pelo caminho aparentemente menos lógico, os dois enólogos fizeram um vinho que não admite consensos. Vai haver quem aprecie a sua frescura vegetal e mineral e quem o ache demasiado acerbo; quem goste da sua juventude e impetuosidade e quem o considere bastante novo e pouco complexo. Tem, no entanto, uma virtude inquestionável: é muito gastronómico. A sua jovialidade e o seu frescor são um bálsamo à mesa, sobretudo na companhia de comidas fortes e bem puxadas.