Não haverá outro país que, em tão pouco tempo e quase a partir do nada, tenha progredido tanto e atingido um nível tão alto como o nosso. E o mais extraordinário é que essa evolução não se confina às regiões com mais tradição no vinho branco, como os Vinhos Verdes, Alentejo e Península de Setúbal, por exemplo. O fenómeno estende-se ao Dão, à Bairrada, às Beiras, a Lisboa e, cada vez mais, ao Douro.
Mas, em boa verdade, é no Minho que encontramos os faróis desta “revolução”. Foi da fresquidão atlântica de Monção e Melgaço que começaram a sair os primeiros grandes brancos portugueses das décadas mais recentes, feitos de Alvarinho. Os principais protagonistas são bem conhecidos: a família Cerdeira (Quinta do Soalheiro) e Anselmo Mendes, o criador de vinhos como Muros de Melgaço, Muros Antigos, Contacto, Curtimenta e Parcela Única, entre outras.
Anselmo Mendes, que alia uma sólida formação académica a uma profunda vivência agrícola, foi quem levou mais longe o experimentalismo, através do uso da madeira no estágio do Alvarinho e da reinvenção/recuperação de técnicas tradicionais, como a curtimenta, por exemplo (o vinho fermenta com as películas). Em 2009, Anselmo Mendes voltou a inovar, ao apostar no conceito de vinho de parcela, com a criação do Alvarinho Parcela Única. O vinho é proveniente de uma só parcela de vinha e fermenta e estagia em barricas novas de 400 litros com uma tosta muito suave.
Este 2012 é apenas a terceira colheita de Parcela Única (em 2010 não foi feito) e ainda está um pouco marcado pelo fumado da madeira, mas quem provar o 2009 ou o 2011, já mais afinados, talvez pense o mesmo que nós: que, com a sua pureza, delicadeza, complexidade e frescura mineral, é um vinho capaz de fazer boa figura ao lado dos melhores brancos do mundo. E custa bastante menos.