“Depressa e bem, não há quem”, mas pedir calma e paciência a um produtor de vinho, sobretudo a quem acaba de entrar no negócio, é pedir quase o impossível. A vontade de experimentar, de ser falado e, também, de fazer algum dinheiro é tão grande que só mesmo uns poucos conseguem dar aos seus projectos e aos seus vinhos o tempo que eles precisam para se afirmarem.
A Adegamãe, o projecto vitivinícola da empresa de comércio de bacalhau Riberalves, é um bom exemplo da avidez de tempo que assola os produtores de vinho. Inaugurado há apenas três anos, já tem no mercado 13 referências. Recentemente, a empresa apresentou as últimas novidades, com destaque para o Dory Reserva Tinto 2011 e um novo monocasta branco, o Sauvignon Blanc 2013, que se veio juntar aos repetentes Adegamãe Alvarinho, Chardonnay e Viosinho e ao Dory Colheita Branco.
São brancos com boa graduação, um ou outro até maduros de mais, mas todos com a marca de frescura que a proximidade do Atlântico incute nos vinhos provenientes da zona de Torres Vedras. Nesta fase, a nossa preferência vai para o Alvarinho e o Viosinho, embora o mais promissor talvez seja o Chardonnay (untuoso, rico e mineral). Mas vai precisar de alguns anos para mostrar a sua valia: ainda está bastante marcado pela madeira
Mesmo o Dory Reserva Tinto 2011, o melhor vinho da casa, terá que se sujeitar à prova do tempo. O seu potencial é grande. A incorporação no lote de Cabernet Sauvignon (o 2010 foi feito apenas de Touriga Nacional e Syrah) parece ter sido acertada. O vinho surge bem musculado e complexo, com um excelente balanço entre o álcool, a estrutura tânica e a acidez. Tem muita fruta preta e especiaria no aroma e no palato é um tinto cheio de força e presença, com taninos impetuosos e um toque vegetal que, associado a uma magnífica acidez, acrescenta vigor e frescura ao final de boca. Muito bom. Está mesmo a pedir bacalhau…