Quando chegam ao mercado ainda jovens, os brancos envelhecidos em madeira são estranhos. Na maior parte das vezes estão num processo de definição. Ainda acusam a presença da fruta, mas sem aquele regalo de um vinho assumidamente jovem; revelam os primeiros sinais do envelhecimento, mas estão ainda longe de se enquadrarem naquelas categorias de brancos velhos que permitem aromas e sabores muito mais complexos e sofisticados. Prove-se este Carvalhais e constate-se como este branco, criado por Beatriz Cabral de Almeida, vale mais pelo que vai ser do que pelo que é hoje.
Gostar de brancos com alguma evolução e forte marca da madeira é dom que não chega a todos. A aposta na maceração peculiar que aumenta a extracção e leva a cor dos brancos para tons mais dourados pode dar mais músculo e profundidade ao vinho, mas geralmente tira-lhe a graça. Nesta sua fase de adolescência, convém partilhá-los com pratos fortes, como um assado de carnes brancas ou de peixes gordos. Bebidos a solo são, no geral, ásperos e excessivos. O melhor é, pois, esperar uns anos, até que a sensação ázima da madeira se dissipe, que a fruta sofra o efeito da garrafa e o vinho ganhe, enfim, aqueles aromas de cola de sapateiro em que o Dão, especialmente com a casta Encruzado, é pródigo.
Este branco pode dar grande prazer desde já aos adeptos do estilo, mas tem tudo para poder fazer este caminho. Ainda exibe notas de frutos tropicais, mas deixa também transparecer sensações de laranja cristalizada. A madeira (estagiou 36 meses em meias barricas de carvalho francês e russo) ainda é muito evidente, mais no nariz do que no palato, onde contribui para uma sensação de volume, untuosidade e de tensão. É um branco imponente, intenso, fresco que, seguindo um estilo muito próprio dos brancos envelhecidos em casco, não deixa de ter a sua personalidade.
Quinta de Carvalhais Reserva Branco 2010
Nota de prova
- Tipo:
- Branco
- Região:
- Dão
- Castas:
- Verdelho e Encruzado
- Graduação:
- 14% vol
- Preço:
- 16€
- Data da Prova:
- 06.09.2014